A Polícia Federal apontou em seu relatório que a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi assassinada em março de 2018 por interferir nos interesses dos irmãos Brazão. Questão envolvia uma disputa pela regularização de territórios no Rio de Janeiro.
Segundo as investigações, Ronnie Lessa, autor dos disparos contra Marielle, revelou que o planejamento para o assassinato começou em setembro de 2017, porque ela representava “um obstáculo aos interesses dos irmãos”. Chiquinho era vereador no Rio, assim como Marielle, enquanto Domingos já atuava como conselheiro do Tribunal de Contas do estado.
Chiquinho Brazão, vereador no Rio, e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do estado, constantemente se queixavam da relação de Marielle com lideranças comunitárias contra loteamentos de milícias em áreas onde tinham influência.
As tensões entre Marielle e os irmãos Brazão se intensificaram no segundo semestre de 2017, quando ela se posicionou contra um projeto de lei que flexibilizava as regras de ocupação do solo, posteriormente considerado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do RJ. Os irmãos constantemente se queixavam, segundo a PF, da relação que a vereadora mantinha com lideranças comunitárias contra loteamentos de milícias no Rio, em áreas em que os dois tinham influência.
Alimentando o conflito, informações privilegiadas sobre o PSOL eram repassadas por Laerte Silva de Lima, um infiltrado dos Brazão, a Edmilson Macalé e Ronnie Lessa, os contratados para executar Marielle. Lessa afirmou que Laerte exagerava em suas informações para valorizar sua posição, inflando a percepção dos irmãos sobre as ações políticas de Marielle.
Ronnie Lessa ainda relatou que os irmãos Brazão prometeram lotes em um empreendimento imobiliário na capital fluminense como pagamento pelo assassinato, além de oferecerem lotes oriundos de grilagem e permissão para exploração de atividades de milícia como recompensa aos executores. A PF destacou que a atuação de Marielle em relação à moradia era prudente, sendo este um possível motivo determinante para sua morte.
Justiça
Neste domingo (24), a Polícia Federal efetuou a prisão dos suspeitos ligados ao assassinato de Marielle. Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como possíveis mandantes do crime, juntamente com Rivaldo Barbosa, suspeito de planejamento e obstrução das investigações, foram transferidos para um presídio federal em Brasília.
Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira (25) manter a prisão dos suspeitos. Os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux seguiram o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo e que determinou a prisão preventiva dos três no domingo.
Quanto a Chiquinho Brazão, que também é deputado federal, a Constituição Federal estipula que sua prisão deve ser avaliada pelo plenário da Câmara dos Deputados. Essa instância legislativa tem a prerrogativa de decidir pela manutenção ou soltura do parlamentar. Embora a data para essa análise ainda não tenha sido divulgada, espera-se que ocorra nos próximos dias.
*Com informações de UOL Notícias e Agência Brasil