Política

Governo terá dificuldades em aprovar mudança na Lei Orgânica reduzindo percentual da Educação

Esta é a impressão que fica após audiência pública para debater o assunto na noite de terça-feira

Governo terá dificuldades em aprovar mudança na Lei Orgânica reduzindo percentual da Educação

Foram quase três horas de exposições de motivos prós e contras para que vereadores formassem opinião acerca da proposta que em poucos dias deverão votar. Teve lugar no plenário da Câmara de Vereadores na noite de terça-feira a audiência pública para debate da Proposta de Emenda a Lei Orgânica (PELO) nº 1/2021, de autoria do Poder Executivo, que trata sobre investimentos na Educação.

De acordo com a justificativa da proposta do Executivo, “o encaminhamento do presente projeto de lei pelo aumento histórico da arrecadação e pela promulgação da nova Lei do Fundeb n° 14.113/2020, tendo o Município que adaptar-se à obrigatoriedade do texto do artigo 212 da Constituição Federal, fazendo com que a aplicação em educação seja feita de forma eficiente e prioritária às demandas e necessidades do Município.”

O poder executivo mandou nada menos do que quatro secretários para defender a proposta: Eliziane Schenatto (Finanças) Adriane Zorzi (Educação) Tatiane Fiorio (Saúde) e Henrique Nuncio (Governo). Alguns mais, outros menos contundentes, manifestaram apoio à medida. Antes deles o contador Alessandro Tomazzini fez detalhada explanação sobre as finanças públicas e investimentos em educação ( na média 38% do orçamento anual nos últiimos anos). A proposta prevê que do mínimo de 30% fixado na Lei Orgânica a partir do ano de 1994, seja reduzido a 25%, que é o mínimo constitucional.

De pouco adiantou que gestores municipais garantissem que a adequação da Lei não necessariamente reduzisse o orçamento anual destinado à educação. Nas manifestações populares houve um quase absoluto consenso de que a medida é negativa e impopular. O tom mais moderado nestes depoimentos foi do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Ferreira. Ele discorreu sobre a necessidade de planejamento antevendo que nos próximos anos haverá aumento crescente de despesas na área da saúde, sobretudo pela entrada em funcionamento do hospital municipal. Este, aliás, foi o discurso da secretária Tatiane Fiorio. “Até o início do próximo ano o prédio estará concluído, mas depois teremos que enfrentar a questão de equipamentos e pessoal. Inicialmente não teremos aportes do Governo Federal para tanto”.

A realidade, entretanto, é que não há qualquer previsão escrita de que o orçamento a menor na educação seja transferido para a saúde.

O presidente do Bento + 20, Milton Milan foi enfático ao dizer que não pode acreditar que esteja sobrando dinheiro na educação. “Precisamos sair do básico que é pagar merenda e transporte, há muito que fazer, podemos oferecer bolsas, viagens de estudos, melhores condições de infraestrutura”.

Pelo menos quatro professores ocuparam a tribuna para demonstrar inconformidade e falar que há necessidade de investimentos na infraestrutura e no plano de carreira da categoria. O vereador José Antônio Gava disse que só ontem recebeu denúncias de dois pais cujas escolas estavam solicitando dinheiro para xerox ou melhorias na estrutura do educandário.

Uma das manifestações mais inflamadas foi do professor Evandro Matana que descreveu como “bizarra” a situação em discussão e lamentou a ausência de estudantes no encontro.

A audiência foi conduzida pelo vereador Anderson Zanella, presidente da Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento e Bem Estar Social que ao encerrar o encontro também lamentou a ausência de estudantes no evento.

Vereadores como José Antônio Gava, Agostinho Petrolli, Idasir dos Santos e Eduardo Pompermayer sinalizaram que votarão contra, caso o projeto venha mesmo à votação, por entenderem não ser momento para esta mudança. Não compareceram à audiência por motivos variados os vereadores Paco, Marini, Dentinho e Castagnetti. Para que seja aprovada, a proposta precisa de dois terços dos votos, ou seja 12, já que