A entrevista com o candidato Paulo Caleffi (PSD) à prefeitura de Bento Gonçalves encerrou na manhã desta sexta-feira (13) a série do Grupo RSCOM com os concorrentes ao Executivo no município.
Com uma hora de duração, a transmissão ocorreu ao vivo pelo facebook do Portal Leouve e pela Rádio Bento 1070 AM – o conteúdo também fica hospedado no YouTube do Leouve. O bate-papo foi mediado pelo apresentador e jornalista Gerson Lenhard e pelo coordenador de Conteúdo e comunicador Maicon Rech.
Candidato pela coligação ‘Um Novo Tempo para Bento’ , formada por PSD, PL, Republicanos, MDB e PDT, Caleffi respondeu sobre o contexto político-eleitoral e quanto a diversos temas do plano de governo. Confira os principais trechos:
Por que ser candidato?
“Decidi voltar a concorrer porque enxergo que Bento Gonçalves tem um potencial muito maior do que o oferecido hoje à população. Como cidadão, sinto a obrigação de me colocar à disposição para ajudar, assim como os voluntários que foram os verdadeiros heróis durante a última enchente. Estou aqui como voluntário, não para ser prefeito, mas para ser um servidor. Quero trabalhar lado a lado com todos, como faço na minha empresa, de portas abertas e integrado a cada setor. Meu objetivo é trazer uma nova administração, algo diferente, para o qual me preparei. Podem ter certeza de que Bento Gonçalves vai viver um novo tempo”.
“Decidi governar essa cidade porque me senti preparado. Na eleição passada, perdi para mim mesmo ao ser correto e jogar dentro das regras, enquanto o município transgredia. O prefeito da época, assim como o atual e o vice, foram condenados em segunda e terceira instâncias – não perderam os direitos políticos, mas receberam uma multa, que também é uma penalidade”
Infraestrutura
“Vou poder fazer algo que os prefeitos geralmente esquecem. O Estado deve cuidar da segurança, da educação e da saúde, mas não é só isso. Em países da Europa, o Estado também é responsável pela infraestrutura. Ninguém vai transformar uma cidade sem a atuação do poder público. A construção de um viaduto como esse na BR-470, que seria de responsabilidade da União, foi realizada com um empréstimo de R$ 20 milhões solicitado pelo nosso município, e a primeira prestação será paga no meu governo, em janeiro de 2025. Não vi investimentos em infraestrutura municipal por anos, e o pouco que vi foi feito com empréstimos. O município gasta mais de R$ 250 milhões por mês em aluguéis. Se essa quantia fosse usada em uma prestação, com dois anos de carência, poderíamos construir e acomodar toda a municipalidade em prédios próprios”.
Desastres climáticos
“Eu seria negligente se não cuidasse de um problema que não precisava ter acontecido como foi. A natureza mostrou seu poder e encontrou uma cidade com uma defesa civil composta por uma única pessoa, o secretário de Segurança. Se não fosse pelos voluntários, o desastre teria sido muito pior para as pessoas afetadas. O despreparo foi total, ignorando-se o que aconteceu em setembro do ano passado, quando a enchente já havia mostrado seu potencial devastador. Até hoje nada foi feito para criar uma defesa civil organizada, que treine até as crianças em caso de evacuação”.
Fake News
“Admiro a capacidade da oposição de transformar fake news em fatos consumados. Usei como exemplo Londres, que resolveu seu problema de mobilidade urbana com um pedágio para quem cruza o centro, já que há alternativas. Mas aqui, o pedágio é o estacionamento, e isso não afeta a mobilidade. A questão de ser contra a pobreza também é distorcida: não sou contra os pobres, sou contra a falta de direitos, como acesso à saúde, educação e creches, que impedem uma vida digna”.
Mobilidade Urbana
“A mobilidade urbana de Bento Gonçalves está muito ruim. O ônibus escolar precisa sair 15 ou 20 minutos mais cedo para conseguir chegar a tempo nas aulas, e até as ambulâncias enfrentam dificuldades. A cidade precisa de um plano viário mais eficiente. Fui professor de economia regional e urbana por três anos e, naquela época, já havia sugerido que a Rua Planalto deveria ser mão única, com a Xingu como complemento — o que foi feito, e merece admiração. Mas é preciso um estudo abrangente para todas as ruas. A Oswaldo Aranha e o eixo entre Santo Antão e São Roque têm potencial, e é possível criar novos eixos”.
Transporte Coletivo
A regulamentação deve permitir que o ônibus tenha horários regulares, incentivando o uso do transporte coletivo sem prejudicar a população. Se for preciso, subsidiaremos linhas deficitárias. Sabemos que há lugares onde alunos dependem de transporte privado para chegar à escola, e isso precisa mudar. As empresas de ônibus terão que se adaptar: as linhas deverão funcionar até, no mínimo, 23h, e não poderão deixar bairros desassistidos por falta de viagens. Além disso, vamos revisar as tarifas, comparando com outros municípios, antes da próxima licitação, sempre favorecendo as empresas locais. Não há refeição grátis — alguém paga a conta, e as empresas de transporte têm um papel social, mas também merecem lucro. Por isso, precisamos sentar e discutir as melhores soluções”.
Saúde
“Ao ouvir a propaganda política, percebi que é essencial acompanhar o que é dito, especialmente pelo atual prefeito: ‘Quando eu for prefeito, vou terminar o hospital do trabalhador’. Você é o prefeito, então não pode dizer ‘quando eu for prefeito’. Porque você não terminou? Fizeram promessas de construir 11 UTIs, mas esse dinheiro não foi aplicado. Hoje, a UPA atende as necessidades de vários bairros e até de municípios vizinhos, mas não é suficiente. Com mais postos de atendimento, o cidadão teria acesso a diagnósticos e medicamentos diretamente, reduzindo a sobrecarga da UPA. O atendimento básico precisa ser garantido, com remédios gratuitos nos postos. Eu me comprometo a concluir o hospital em até dez meses, sem deixar obras para o período eleitoral”.
Vagas em Creches
“Em Bento Gonçalves há 40 escolas privadas, que oferecem um ótimo ensino para crianças, e o custo para o município garantir uma vaga nessas escolas é menor do que na escola pública. Atualmente precisamos comprar mais de mil vagas, mas o município tem capacidade para adquirir duas mil. Quando uma escola privada faz um contrato com a prefeitura para 100 vagas, ela se prepara adequadamente para isso. No entanto, se a prefeitura reduz o número de vagas ao longo do ano e não repõe, a escola acaba tendo prejuízo injustamente. Por isso, vamos adotar um critério de zoneamento e renda para garantir que as vagas sejam distribuídas em escolas próximas das casas das crianças, evitando que pais e trabalhadores percam tempo deslocando-se longamente”.
Turismo
“Aqui em Bento Gonçalves, temos famílias no interior que ainda enfrentam problemas com as estradas de terra. Como vamos atrair turistas para essas áreas se eles não querem sujar seus carros? Precisamos criar um fundo municipal e investir na Fundaparque para atrair turistas que fiquem aqui por uma semana. Devemos também considerar projetos de ciclovias e estabelecer parcerias promovendo o município tanto no Brasil quanto no exterior”.
Demais entrevistas
Jorge de Oliveira (PT) estreou a agenda no município ainda na quarta-feira (11). Depois, na terça-feira (12), Diogo Siqueira (PSDB) também foi entrevistado. Todas as sabatinas tiveram transmissão digital e na rádio, sendo ambas no mesmo horário (das 11h às 12h).
O Grupo RSCOM já entrevistou os postulantes às prefeituras de Arroio do Sal, Farroupilha, Flores da Cunha e Garibaldi. Na próxima semana, de segunda (16) a quinta (19), será a vez dos candidatos em Caxias do Sul.
Debates
No dia 5 de setembro, o Grupo RSCOM realizou o debate entre os candidatos à prefeitura em Flores Da Cunha. Na última terça-feira (10), foi a vez do município de Garibaldi. Ainda serão realizados debates em outras três praças da Serra Gaúcha, sempre a partir das 20h. A ordem dos embates entre os candidatos será:
24/09: Bento Gonçalves
30/09: Farroupilha
2/10: Caxias do Sul