As últimas semanas têm sido no mínimo ambíguas para os brasileiros. Discursos desconexos, idas e vindas, e agora a urgência de um projeto de lei que nada tem a ver com o que o país mais precisa preparam, de fato, o terreno para a construção da muralha brasileira. Todavia, não é uma muralha construída com tijolos e cimento, ela é feita por palavras. Palavras que tentam distanciar os brasileiros da situação e dos problemas reais que o país necessita enfrentar.
No campo econômico um dos maiores desafios tem sido a situação fiscal. Popularizou-se o nome arcabouço fiscal, nome mais do que ideal para o projeto apresentado com números contestáveis e com metas que nenhum membro do governo parece querer atingir.
O foco dos trabalhos da equipe econômica é o aumento de receita, a palavra corte só é empregada quando seguida pela dupla “isenção” e “fiscal”. Por isso, as palavras têm sido direcionadas para as empresas sobretudo aquelas que geram empregos e riqueza para o Brasil. Fórmula semelhante foi utilizada em países vizinhos que hoje amargam mais do que 40% de sua população na pobreza.
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O governo não está sozinho nesta corrida desenfreada por mais arrecadação, a justiça julga o fim dos benefícios fiscais do ICMS na base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido (sabe-se lá para o que se contribui verdadeiramente).
Para quem ainda não teve seus olhos tapados pela muralha brasileira pode-se ainda questionar: será que falta dinheiro para o governo? Pois bem, os dados de arrecadação do primeiro trimestre de 2023 foram informados pela receita federal, a arrecadação somou R$ 581,79 bilhões, a maior da série histórica que começa em 1995.
Portanto, em quase 30 anos o governo nunca arrecadou tanto e nunca faltou tanto dinheiro para equilibrar as contas. Algo não está correto e os problemas fiscais podem sair do arcabouço para transformar-se em calabouço. Este último rodeado por uma muralha a qual apenas o discurso oficial do partido será permitido.
