
Um clássico do cinema é o filme O Silêncio dos Inocentes. A trama desenvolve-se na batalha incessante entre o bem e o mal. O mal é representado por Buffalo Bill, assassino que Hannibal Lecter conhecia e, mesmo preso, manipula as regras para obter vantagens. Enquanto o bem está na figura da agente, Clarice Starling, recrutada por Jack Crawford, seu chefe no FBI.
Lecter e Crawford exercem influência psicológica em seus discípulos durante todo filme. Até que Clarice consegue matar o serial killer e, finalmente, salvar a última vítima do silêncio eterno. O thriller psicológico lançado em 1991 e ganhador de cinco Oscars marcou a história. Ele é um dos meus filmes preferidos, tanto que já assisti inúmeras vezes.
Não podemos dizer que o silêncio é uma virtude da classe política, principalmente no Brasil. Onde a maioria da classe falante exerce o direito de falar e somente depois pensa. O ano de 2024 foi barulhento, especialmente no segundo semestre. O mercado financeiro subia e descia como um barco à deriva a cada fala do presidente ou de seus companheiros.
Entretanto, a virada de ano cortou os microfones. As aparições de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, são raras. O novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tampouco fala. Mesmo o presidente, que antes era assíduo nas críticas e falas marcantes, tem falado pouco e menor é a notoriedade dada pela mídia às suas declarações.
A queda da popularidade do governo, especialmente entre as pessoas de baixa renda e aquelas localizadas no Nordeste, tido como seu reduto eleitoral, pode estar por trás dessa mudança na postura. Os políticos parecem acuados.
A inflação é a causa raiz. Ela assola os brasileiros, que tem mudado seus hábitos para poder chegar com algum dinheiro no final do mês. Algumas projeções mostram uma significativa desaceleração econômica no segundo semestre deste ano. Os remédios encontrados pelo governo foram medidas de estímulo ao crédito e a continuidade dos gastos, tentativa de manter a economia crescendo.
No Palácio do Planalto, todos cruzam os dedos, torcendo para que uma supersafra ajude a impulsionar o PIB em 2025. O Banco Central, por sua vez, segue subindo juros para tentar frear a inflação, que pouco cede em função do impulso fiscal do governo, porque não há corte de gastos do governo. Brasília vive, portanto, um período sabático, onde o silêncio dos não inocentes impera.