No hemisfério norte é verão. As temperaturas têm batido recorde, principalmente, na Europa. Além disso, chove pouco, algumas regiões estão em situação crítica. Embora os olhos do mundo estejam concentrados na estação atual, é o inverno que realmente deveria preocupar. Porque é nesta estação que o consumo de energia é aumenta tanto para uso nas casas quanto na indústria.
Todos sabem que os preços do petróleo e do gás natural subiram muito em função da guerra na Ucrânia. O que poucos falam é como a dependência da energia russa criada pela comunidade européia colocou os países do continente numa posição frágil. Segundo os dados de 2019 da Comissão Européia, 42% do gás vinha do país russo.
Assim que o conflito começou e as sanções foram impostas sobre a Rússia, os preços do gás e combustíveis atingiram com tudo o bolso dos cidadãos europeus. A inflação subiu acima da meta do Banco Central e muito acima do que o cidadão europeu estava acostumado.
Na Inglaterra a inflação dos últimos 12 meses está em 9,6%, na Alemanha e França em 8,2% e 6,5%, respectivamente. Ao observarmos a zona de euro a inflação é de 8,6%. No entanto, quando focamos em países menores podemos ver a força inflacionária, como, por exemplo, na Lituânia 20,5% e Eslováquia 12,6%. Uns dos indicativos usados para saber se a inflação pode arrefecer no futuro é a inflação ao produtor, no entanto, o índice de preços ao produtor (PPI, sigla em inglês) da Alemanha em junho marcou 32,7% o que indica mais inflação ali na frente. Por isso, após onze anos o Banco Central Europeu elevou o juro na zona do euro.
Vale lembrar que isso ocorre na estação a qual o consumo de energia tende a ser menor. Ficam, desta forma, questões a serem respondidas: o que acontecerá quando as temperaturas despencarem e os europeus precisarem aquecer suas casas? Como reagiram os cidadãos? O que os governantes farão?
Pois bem, na minha opinião as coisas não serão nada fáceis, caso se confirme a falta de abastecimento de gás, os preços pressionarão mais fortemente a inflação. A economia do velho continente sofrerá. Segundo dados divulgados, a atividade da indústria já mostra contração na zona do euro. Infelizmente, tudo parece estar apontando para uma redução da atividade econômica, inflação alta e, por consequência, desemprego.