Um vereador de São Leopoldo, cidade localizada no Vale dos Sinos, foi alvo de operação da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (22). O político, que não teve o nome revelado, é suspeito de participação em esquema que facilitava a obtenção de alvarás, mediante pagamento de propina, e da prática de “rachadinha” em seu gabinete. As ações foram deflagradas dentro da Operação Consiglieri, a qual comprovou a prática reiterada de delitos de concussão contra o erário municipal de São Leopoldo, por associação criminosa estável, cujo líder é o vereador investigado. O político foi afastado do cargo, a pedido da Polícia Civil, assim como a mulher dele – que, hoje, exerce um cargo em uma autarquia ligada à prefeitura de São Leopoldo.
Rachadinha
As investigações tiveram início depois que denúncias sobre o caso chegaram à Polícia Civil. Conforme o apurado, o vereador exigiria valores de servidores ocupantes de cargos comissionados, sob pena de exoneração e futura perseguição política para quem se recusasse a realizar pagamentos mensais – ato conhecido como “rachadinha”, prática antiga e corrupta, relacionada ao poder de indicação de cargos na Administração Pública. Essa é a primeira legislatura do vereador que, anteriormente, teria exercido cargo de secretário municipal.
Ainda conforme investigações, o vereador e a companheira dele recebiam mensalmente, em dinheiro, ou via transferências PIX, valores extorquidos que variavam de R$600 a R$ 2.500, a depender do cargo exercido pelo servidor em cargo em comissão e cuja indicação política teria sido do investigado. A investigação ainda constatou a evolução patrimonial abrupta do investigado a partir do ingresso dele nos cargos políticos.
Junto do investigado ainda compõe a associação criminosa indivíduos ocupando a Secretaria de Administração da Prefeitura de São Leopoldo, junto ao Serviço Municipal de Água e Esgoto, e o chefe de gabinete do vereador. Durante a investigação, apurou-se também denúncias sobre exigências de valores para liberação de alvarás junto à secretaria da prefeitura, quando, supostamente, o mesmo vereador e comparsa teriam exigido R$ 8.000,00 para liberação de alvará de funcionamento para empreendimentos comerciais.
Intimidação de testemunhas
Durante as investigações, o vereador teria tentado intimidar testemunhas, dizendo-se “poderoso”, com “amigos policiais e Delegados” e que perseguiria politicamente quem colaborasse com a instrução. A Polícia Civil também investigou um indivíduo que há 30 anos exerce cargos comissionados e funções de confiança na Administração Municipal e que é considerado por muitos como o “padrinho” político do vereador.
Diante dos fatos, a Polícia Civil representou por medidas cautelares, sendo expedidas ordens judiciais de afastamento de funções públicas dos investigados, busca e apreensão, bloqueio financeiro dos investigados, no total de R$ 100.000,00; sequestro de imóvel e veículos, tudo adquirido após a exigência dos valores dos cargos em comissão.
*Com informações da Polícia Civil e Correio do Povo