O comandante do 12° Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Ricardo Moreira de Vargas, concedeu entrevista ao Bom Dia Trabalhador na manhã desta terça-feira (16) após Caxias do Sul enfrentar uma noite violenta, com cinco homicídios. De acordo com Vargas, a onda de crimes contra a vida no município, que já contabiliza 13 vítimas, é um fator indicativo de que as forças de segurança não estão enfrentando criminosos comuns.
“Nós já viemos falando que Caxias do Sul é a segunda maior cidade do estado e, principalmente, que ela tem a necessidade de ser vista com esse tamanho. E esses repiques, como a gente chama, de tiroteios, de mortes, é um fator muito significante, que faz com que nós tenhamos a certeza que não estamos enfrentando uma criminalidade comum, do dia a dia, e sim grupos criminosos que tentam perturbar a ordem e precisam ser combatidos com rigor”, atentou o tenente-coronel da BM.
Na noite desta segunda, os crimes foram registrados em um intervalo de três horas nos bairros Cristo Redentor, Parque Verde e Primeiro de Maio. O primeiro assassinato ocorreu por volta das 19h, em uma área verde no Cristo Redentor, entre e BR-116 e a Rua Vico Parolini Thompson, onde foi encontrado, já sem vida, Diego Soares dos Santos, de 32 anos.
Um pouco depois, por volta das 20h, um tiroteio na Rua Martins Neves da Rocha, Bairro Parque Verde, provocou a morte de Augusto César Silva, 22. Em confronto com a polícia na Rua Joaquim Telles de Oliveira, no bairro Centenário, João Vitor de Carvalho Oliveira, 21, foi alvejado e morto. A última vítima da noite foi Henrique Turossi Silva, 41, que estava chegando em casa, na Rua Luiza Mondin Bedin, no Primeiro de Maio, por volta das 21h50min, quando foi executado.
Entra para esta conta, também, uma mulher ainda não identificada que foi morta a tiros na localidade de Santo Antônio da 6º Légua. Moradores relatam terem ouvido disparos na noite de ontem, no entanto, o corpo da vítima foi encontrado somente por volta das 8h desta terça (16).
Vargas, durante a conversa com os comunicadores e jornalistas Maicon Rech e Fábio Carnesella, observou que há uma carência estrutural no sistema de justiça criminal, que libera bandidos após a polícia realizar prisões.
“As respostas policiais têm um limite pra resolver problemas estruturais e históricos na segurança pública. As polícias possuem conhecimento, possuem know-how e têm condições, têm mecanismos pra prender criminosos. Mas então qual é o problema?”.
“Precisamos entender que ocorre um dano estrutural no nosso sistema de justiça criminal. Quando você olha, por exemplo, o número de criminosos que são presos várias vezes pela polícia. Tem gente com mais de 14, 16, 40 passagens, (pessoas) presas 40 vezes pela Brigada Militar. (Há) uma série de benefícios ainda na fase processual do nosso direito brasileiro”, opinou o comandante do 12° BPM.
Segundo ele, a legislação brasileira não está à altura do enfrentamento do problema da segurança pública.
“A forma com que a lei deve ser cumprida vai moldando e tentando reduzir a capacidade do preso. Mas não é só a capacidade de prisão do preso, é a capacidade de incapacitação desse preso, para que ele não volte para as ruas, para que ele cumpra sua pena, da maneira com que ele tiver que cumprir”, afirmou.
O tenente-coronel reforçou que a BM continuará atenta às ruas e buscando combater a criminalidade de forma preventiva e repressiva.
“Nós já estamos reforçados, visto que ontem duas mortes ocorreram em confronto com policiais militares que estavam nas ruas, colocando suas vidas em risco pela sociedade e principalmente combatendo esse crime de homicídio para redução desses indicadores”, finalizou.
Confira a entrevista completa