Quem nunca teve uma arma apontada para a cabeça? quem nunca teve que entregar carteira, celular ou a dignidade para um desqualificado que vira poderoso porque tem uma arma na mão? Pois quem, como eu, nunca passou por tal situação, anda de forma tranquila e despreocupada pelas ruas.
Infelizmente um erro que pode sair caro. É preciso ficar esperto. Mas é assim mesmo não é? A dor é que ensina a gemar. Vou me esforçar pra ser mais desconfiado, mais prevenido, mais medroso. Nada de pensar que o destino me protege enquanto eu andar distraído.
Sei que não é bonito e que pode haver muita coisa entre a manchete e a realidade, mas como a maioria das pessoas, vibrei com a notícia da sexta-feira: dois mortos e três presos em confronto da polícia com criminosos que seriam da facção “bala na cara”. É isso aí: bala na cara deles.
Pode não ser lá muito cristão, mas é um sentimento humano dos mais legítimos cada vez que vibramos porque um bandido morreu. Nos sentimos vingados e o primeiro pensamento é: este não incomoda mais. Este não vai mais ameaçar minha família ou amigos.
O maior problema que vejo nisto é que ficamos mais próximos da barbárie, do olho por olho, de uma sociedade que não deu certo. A aprovação tácita da violência contra a violência acaba legitimando a justiça sumária. Um perigo comprovado pela História.
Mas, enquanto a lei for branda, enquanto a Justiça for morosa, enquanto não tivermos presídios que reabilitam, escolas que educam, paternidade responsável e um país que ofereça dignidade a seus cidadãos, vou dizer uma coisa: antes eles do que nós.