
É noite, a casa está tranquila, e de repente… um vulto alado cruza a sala em voo desgovernado. Um morcego entrou! O pânico é quase automático — gritos, correria, tentativa de expulsar o visitante com vassoura ou pano. Mas nessa hora, mais importante do que agir é saber como não agir. Muitos erros comuns podem colocar em risco não só o animal, mas também a sua saúde e segurança. Entender o comportamento dos morcegos e o que evitar em situações assim faz toda a diferença.
O que nunca fazer quando um morcego entra em casa
Primeiro de tudo: nunca tente agarrar o morcego com as mãos. Por mais inofensivo que pareça, o morcego é um animal silvestre e pode reagir com mordidas ou arranhões se sentir-se ameaçado. Além disso, há o risco — ainda que baixo — de transmissão de doenças, como a raiva. Esse é um ponto de atenção importante: a simples presença do animal em casa não representa perigo, mas o contato direto sim.
Outro erro comum é tentar matar ou ferir o morcego. Além de ser um crime ambiental (os morcegos são protegidos por lei no Brasil), isso pode espalhar sangue ou secreções que contaminam o ambiente, além de ser absolutamente desnecessário. Eles entram por acidente, não com a intenção de atacar ou se instalar ali.
Jamais feche as portas e janelas na tentativa de “prender” o animal para capturá-lo depois. Isso só o deixará mais estressado e desorientado, aumentando a chance de colisões ou quedas. O ideal é fazer o oposto: abrir o espaço para que ele possa sair espontaneamente.
Por que os morcegos entram nas casas?
Geralmente, por engano. Os morcegos são excelentes voadores e usam a ecolocalização (tipo um sonar natural) para se orientar, mas em ambientes urbanos, isso pode falhar por conta de luzes artificiais e estruturas confusas. Eles são atraídos por frutas, insetos ou até pelo calor e podem entrar por janelas abertas, especialmente à noite.
Outro fator é a proximidade com áreas arborizadas ou telhados antigos, onde eles costumam se abrigar. Ao saírem em busca de alimento, podem acabar cruzando uma janela ou porta aberta sem perceber que estão invadindo um ambiente humano.
Como agir corretamente nessa situação
Agora que você sabe o que não fazer, é hora de saber qual o caminho certo. Se o morcego estiver voando pela casa, mantenha a calma. Apague as luzes do cômodo onde ele está e abra bem as janelas e portas que dão para o exterior. Deixe que ele encontre sozinho o caminho de saída — em poucos minutos, geralmente, isso acontece.
Caso ele esteja parado — no teto, em uma cortina ou canto alto — não tente espantá-lo com objetos ou sons. O ideal é fechar o restante da casa, deixando apenas o ambiente onde ele está com saídas livres, e esperar que ele se mova naturalmente quando se sentir seguro. Evite movimentos bruscos e mantenha animais domésticos afastados.
Se, após um tempo, ele não sair ou estiver ferido, o mais responsável é ligar para o controle de zoonoses ou o centro de vigilância ambiental da sua cidade. Técnicos treinados saberão como recolher o animal de forma segura, tanto para ele quanto para os moradores.
Morcegos fazem mal à saúde?
Depende do contexto. Morcegos são transmissores potenciais de algumas zoonoses, principalmente a raiva, mas isso só ocorre em casos raros de contato direto. O simples fato de um morcego sobrevoar sua casa não representa risco de contaminação. No entanto, se houver mordida, arranhão ou qualquer contato físico com secreções, procure atendimento médico imediatamente e leve o caso à vigilância sanitária.
Por outro lado, vale destacar que os morcegos têm um papel ecológico essencial: polinizam flores, dispersam sementes e controlam populações de insetos, como os pernilongos. Matá-los ou odiá-los por medo é um erro de percepção que vai contra o equilíbrio ambiental.
Cuidados para evitar que a situação se repita
Depois que tudo se acalma, é hora de agir preventivamente. Instale telas em janelas, especialmente se você costuma deixá-las abertas à noite. Revise frestas no telhado, forro ou dutos de ventilação, pois essas são portas de entrada para muitos animais silvestres, não só morcegos.
Evite deixar frutas expostas perto de janelas ou sacadas, principalmente em regiões mais quentes. Se você mora perto de áreas verdes, fique atento ao comportamento dos animais — presença constante de morcegos pode indicar um abrigo próximo.
E, por fim, converse com todos da casa (especialmente crianças) sobre como se comportar caso a cena se repita. Ter esse tipo de informação evita reações perigosas e garante uma convivência mais segura com a fauna ao nosso redor.

Quando é hora de chamar ajuda profissional?
Se o morcego cair no chão, estiver ferido, não conseguir voar ou ficar preso em locais de difícil acesso, a melhor saída é contar com apoio especializado. Equipes de zoonoses e instituições de resgate de fauna estão preparadas para lidar com a situação sem prejudicar o animal nem colocar ninguém em risco.
Jamais tente capturar por conta própria com panos, caixas ou redes improvisadas. O estresse causado ao animal pode ser imenso, além de aumentar os riscos de mordidas. A recomendação oficial é clara: não toque em morcegos e sempre chame orientação profissional em caso de dúvida.