Você sai de casa pela manhã, pronto para mais um dia comum, e dá de cara com uma cena inusitada: um bicho-preguiça agarrado no muro do quintal ou pendurado em um poste da rua. A princípio, a surpresa domina. Afinal, esse é um animal que associamos a florestas e trilhas ecológicas, não a áreas urbanas ou muros de alvenaria. Mas o que fazer diante dessa situação? Tentar ajudar? Ignorar? Chamar alguém? Antes de qualquer atitude impulsiva, é fundamental saber que, embora pacífico, o bicho-preguiça exige cuidados especiais — principalmente para garantir a segurança dele e a sua.
A seguir, você vai entender por que esses animais aparecem em ambientes urbanos, o que nunca fazer, como agir corretamente e quando é hora de chamar ajuda especializada. Mais do que uma curiosidade, o encontro com um bicho-preguiça é um convite a repensar como nossas cidades estão cada vez mais próximas — ou invadindo — o habitat natural dos animais silvestres.
Por que os bichos-preguiça aparecem em áreas urbanas?
O aumento desses encontros urbanos tem um motivo claro: a fragmentação do habitat natural. Com a expansão urbana, muitas matas ciliares, florestas e reservas foram reduzidas ou cortadas por ruas, estradas e condomínios. Isso força animais como o bicho-preguiça, que vive em copas de árvores e se desloca lentamente, a descer ao solo e tentar atravessar áreas urbanizadas para chegar a outros fragmentos de mata.
Além disso, muitos postes e muros altos são confundidos com árvores por esses animais, principalmente quando há vegetação próxima. Ao tentar alcançar um galho, acabam se agarrando a estruturas artificiais, o que aumenta os riscos de queda ou de choque elétrico, no caso de postes de energia.
O que nunca fazer ao encontrar um bicho-preguiça
A primeira e mais importante regra: nunca tente retirá-lo com as próprias mãos. Por mais lento e pacífico que o bicho-preguiça pareça, ele pode reagir com arranhões ou mordidas se se sentir ameaçado. Além disso, esses animais têm garras longas e curvadas, feitas para se prender com firmeza aos galhos — forçá-lo a se soltar pode causar fraturas e traumas internos.
Outro erro é tentar “empurrar” ou “puxar” com objetos. Mesmo com boas intenções, isso pode desequilibrar o animal, que pode cair de grandes alturas, agravando a situação. Também evite oferecer comida ou água — o bicho-preguiça tem uma digestão extremamente lenta e específica, e oferecer alimentos errados pode prejudicar sua saúde.
Como agir corretamente
Se o animal estiver em local seguro, como em um muro baixo ou árvore próxima, e não estiver machucado, a melhor atitude é observá-lo à distância e deixá-lo seguir seu caminho. Na maioria dos casos, o bicho-preguiça está apenas se deslocando entre áreas de vegetação e voltará para o habitat natural por conta própria.
Agora, se ele estiver em risco — como preso em poste de energia, cercado por cães ou em local movimentado — o ideal é entrar em contato com o Centro de Zoonoses, Defesa Civil ou com o Corpo de Bombeiros da sua cidade. Muitas cidades brasileiras também possuem organizações de resgate de fauna silvestre que atuam em parceria com prefeituras.
Enquanto aguarda o resgate, mantenha pessoas e animais afastados. Se possível, sinalize a área e oriente os vizinhos a não se aproximarem. O estresse causado pelo tumulto pode prejudicar ainda mais o animal, que já está fora do seu ambiente natural.
Quando é preciso fazer o resgate imediato?
Em casos extremos — como se o bicho-preguiça estiver caído no chão, ferido, muito próximo a fios elétricos ou cercado por cães soltos — o tempo de resposta é essencial. Nesses casos, ao mesmo tempo em que aciona o resgate, você pode:
- Criar uma barreira ao redor com caixas ou móveis para impedir aproximação de pessoas ou animais;
- Cobrir parcialmente o local com uma toalha ou lençol para diminuir o estresse luminoso (sem tocar no animal);
- Registrar fotos e vídeos para repassar ao órgão de resgate, ajudando na avaliação da situação.
Evite mover o animal por conta própria, mesmo que pareça tranquilo. Bichos-preguiça possuem articulações e musculatura adaptadas para o alto das árvores — qualquer queda pode gerar lesões internas difíceis de perceber.
A importância de respeitar o espaço do animal
É fácil se encantar com a presença de um bicho-preguiça tão perto de casa. Ele tem uma aparência simpática, movimentos lentos e parece não se importar com os humanos ao redor. Mas, por trás dessa cena tranquila, há um animal silvestre em situação de vulnerabilidade.
Ao respeitar o espaço dele e acionar profissionais, você garante não só a segurança do animal, mas também colabora para a preservação da fauna local. Muitos bichos-preguiça resgatados passam por reabilitação e são devolvidos à natureza em locais seguros, onde podem continuar seu ciclo natural sem riscos urbanos.
Como ajudar a evitar novos encontros urbanos
Esse tipo de ocorrência tende a aumentar nos próximos anos, mas há formas de colaborar para reduzir os riscos:
- Preservar áreas verdes e evitar cortes de árvores próximas a fragmentos de mata;
- Instalar cercas ecológicas ou sinalização em condomínios próximos a áreas de preservação;
- Participar de iniciativas de reflorestamento e educação ambiental;
- Evitar a soltura de cães em áreas de mata ou chácaras próximas à vegetação nativa.
Cada atitude conta na construção de um ambiente mais seguro tanto para os humanos quanto para os animais que compartilham o espaço conosco.