Comportamento

Após denúncias de agressões e assédios, FAS se manifesta sobre moradores de rua em Caxias

Foto: João Pedro Bressan/divulgação
Foto: João Pedro Bressan/divulgação

Após inúmeras denúncias enviadas à reportagem do Portal Leouve, sobre um suposto aumento no número de pessoas em situação de rua em Caxias do Sul, além de casos de agressão e assédio, o assunto voltou a ser discutido no município. Em entrevista, a presidente da Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias do Sul, Katiane Boschetti da Silveira, falou sobre a situação atual do município e esclareceu algumas das dúvidas que permeiam entre os caxienses.

Referente ao aumento no número de pessoas em situação de rua denunciado pela população, ela afirma que o número não varia muito desde 2019, antes do período da pandemia. Naquele momento, Caxias do Sul contava com 601 pessoas em situação de rua registradas no Cadastro Único, sistema utilizado para controle de dados. Em outubro de 2020, esse número chegou a 648, já em março de 2021, alcançou os 653. Atualmente, de acordo com os dados do mês de agosto, 613 pessoas ocupam as ruas caxienses.

Pelos dados, pode ser verificado que houve, inclusive, uma diminuição de 2020 para 2021. Porém, devido ao fluxo constante de pessoas e a migração entre as cidades da região, Katiane afirma que esse número não é exato, podendo variar.

“Nós temos um aumento muito maior de pessoas em sinaleiras, por exemplo, e isso tem chamado muita atenção. E aí a gente tem ainda os imigrantes venezuelanos que acabam com as plaquinhas na rua pedindo dinheiro, mas não significa que eles estão em situação de rua. Pessoas em trabalho de rua não é a mesma coisa que pessoas em situação de rua”, explica.

Quando se trata da situação das ocorrências de violência e assédio registradas contra os moradores de rua em diversos pontos do município, a presidente explicou que a FAS não consegue realocar essas pessoas contra sua vontade, e que o trabalho de contenção é uma ação conjunta entre a fundação, Guarda Municipal e Secretaria da Saúde, que possui um consultório de rua, com uma estrutura completa, e se dirige até a pessoa para realizar o atendimento necessário. Por vezes, ainda é solicitado o auxílio do Samu para contenção.

Nesses casos, denúncias podem ser feitas diretamente com as equipes da FAS pelo telefone (54) 3220-8700 ou com a Guarda Municipal pelo 153.

Rede de apoio

A presidente ressalta como Caxias do Sul tem uma rede de apoio muito forte aos moradores de rua, sendo referência nacional com o programa Centro POP Rua, que conta com equipes de serviços de psicólogos, educadores sociais e assistentes sociais, além de oferecer café da manhã, espaço para lavar roupa e ajuda na procura de trabalho.

“Mas o que é importante também nós, população de Caxias do Sul, compreendermos? É preciso ter o desejo, é preciso querer. Nós temos na cidade de Caxias do Sul três casas de passagem, duas com recurso municipal e uma com recurso estadual, e essas casas de passagem podem atender juntas até 140 pessoas. Mas muitas vezes as pessoas não querem acessar”, ressalta.

Ela explica que muitas pessoas afirmam erroneamente que as casas de passagem não aceitam os animais de estimação dos moradores de rua, o que não é verdade. Segundo ela, as maiores motivações pelas quais essas pessoas não aceitam o acolhimento é a questão do cumprimento das regras, do convívio com outras pessoas, além da questão da dependência química, que segue sendo o principal motivo.

Devido a toda a rede de apoio presente no município, Katiane reforça e pede a ajuda da população para não dar dinheiro nos semáforos e, se quiser ajudar, optar pela Moeda Mão Amiga, que pode ser trocada por um almoço no Restaurante Popular.

“Então que a gente não dê o dinheiro na sinaleira, porque tem onde procurar ajuda. Nós temos o restaurante popular, que oferece os almoços. Então tem onde almoçar, tem onde buscar os seus direitos, tem esses recursos do município para as pessoas buscarem os seus encaminhamentos”, complementa.