Nesta quinta-feira, 7 de março, se inicia uma etapa fundamental do calendário eleitoral: a janela partidária, período em que políticos eleitos proporcionalmente, como vereadores e deputados, podem migrar de legenda sem perder o mandato.
Em Caxias do Sul, o momento é cercado de expectativas devido às intensas articulações entre partidos e os pretendentes a concorrer nas eleições municipais de outubro, além de praticamente definir a organização de forças e as chapas que vão concorrer ao Executivo. A medida vale até 5 de abril, ou seja, são 29 dias para transferências.
A movimentação está prevista no artigo 22-A da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995), incluído na reforma eleitoral de 2015. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os vereadores são abrangidos pela regra este ano, tendo em vista que possuem mandato que encerra em dezembro de 2024. A intenção da medida é estabelecer uma fidelidade partidária ao longo do mandato, uma vez que ele pertence à sigla e não ao candidato eleito.
A reportagem do Portal Leouve apurou as principais cogitações de mudança partidária entre vereadores (titulares e suplentes que exerceram o cargo na atual legislatura) durante o período da janela partidária. Confira, ao fim da matéria, as declarações dos parlamentares.
Gladis Frizzo e Adriano Bressan no PP
A aproximação de Gladis Frizzo (MDB) e Adriano Bressan (PRD) – ex-integrante da base do governo Adiló Didomenico (PSDB) – da união de partidos de direita em torno da pré-candidatura a prefeito do vereador Maurício Scalco (PL) deve se tornar mais concreta a partir desta quinta. Ambos têm a filiação cogitada no Progressistas (PP), partido cuja ala liderada pelo presidente municipal, o também vereador Alexandre Bortoluz, pretende apoiar Scalco inclusive ocupando a vaga de vice na chapa. A composição de direita também contará com PL, Podemos e Novo.
Bressan afirma estar inclinado a aceitar convite do PP ou do PL. A permanência no PRD é uma opção, apesar da baixa probabilidade. Gladis, por sua vez, se esquivou da especulação e preferiu não divulgar qual será seu rumo. A parlamentar vem figurando como a provável candidata a vice de Scalco. No entanto, outra ala do Progressistas defende a adesão da sigla à tentativa de reeleição de Adiló.
Uma evidência da união dos políticos de direita citados, em movimentação que conta com a articulação dos deputados federal Mauricio Marcon e estadual Claudio Branchieri, ambos do Podemos, é uma reunião semanal transmitida ao vivo via redes sociais em que eles tratam de assuntos locais, regionais e nacionais a partir de espectro semelhante de ideias.
Marisol Santos no MDB?
Outra possibilidade que voltou a emergir às vésperas da janela partidária é a da saída da vereadora Marisol Santos do PSDB e ingresso no MDB para ser candidata a vice na chapa à reeleição do também tucano Adiló Didomenico. Perguntada se recebeu convite para filiação do vice-governador Gabriel Souza e do presidente emedebista em Caxias, Carlos Búrigo, a presidente da Câmara respondeu que não foi convidada oficialmente.
“Estou feliz no PSDB e, nesse momento, não tenho intenção de mudar de partido. Meu nome está à disposição como pré-candidata a vereadora”, disse.
Na hipótese da formalização de uma proposta para ir ao MDB, Marisol reafirmou a opção preferencial de permanência na legenda em que está. Se o movimento efetivamente ocorrer, os emedebistas abririam mão de uma candidatura própria à prefeitura. Em reunião no domingo, dia 3, o partido definiu a realização de prévias entre o vereador Felipe Gremelmaier e o ex-deputado Mauro Pereira, no início de abril, para definir o concorrente ao Executivo.
Saídas do PSB
Nomeado secretário municipal da Habitação em fevereiro do ano passado, em movimento que marcou a entrada do PSB no governo Adiló, o vereador Wagner Petrini, o Muleke, vai retornar à Câmara para tentar a reeleição no próximo dia 5 de abril, prazo máximo para a desincompatibilização (afastamento de cargo público seis meses antes do pleito). Como o PSB não definiu ainda o apoio à reeleição do prefeito, surgiu a especulação de que Petrini possa partir de vez para o PSDB de Adiló. A hipótese, contudo, é rechaçada por ele.
“Portas abertas sempre, mas seguirei no PSB. Sou membro da direção municipal e temos como objetivo fazer a maior bancada da história do PSB no município, elegendo quatro vereadores. Se Deus quiser, na sessão do dia 9 de abril estarei novamente no parlamento para continuar o trabalho e buscar minha reeleição a vereador”, garante Petrini.
O terceiro suplente do PSB, Alberto Meneguzzi, que assumiu a cadeira de Petrini no Legislativo de junho de 2023 até a semana passada, foi questionado sobre possível ida ao PSD. Ele reiterou sua ‘fidelidade’, ao mencionar que está na sigla atual há 20 anos, mas deixa margem para interpretações ao dizer que recebeu convites de outras siglas e que está “num período de análise profunda da minha vida política”.
Outras trocas
Também foram procurados pela reportagem os vereadores Clóvis Xuxa (PRD) e Olmir Cadore (PSDB), ambos da base do governo municipal. Sobre transferência ao União Brasil (UB), legenda sem representatividade no Legislativo caxiense, Xuxa afirma que irá aguardar até “lá para o dia 15 ou 20 (de março)” para tomar uma decisão, seja de permanência ou saída no atual partido. O parlamentar também foi sondado, informou, por PDT e MDB. Já Cadore diz “hoje sou PSDB” e que irá esperar para tomar qualquer posicionamento. Ele revelou que recebeu convites do PP e do Podemos para filiação.
O que disseram
Gladis Frizzo, deve trocar MDB por PP
“Vou aguardar”.
Adriano Bressan, deve trocar PRD por PP ou PL
“Estou avaliando quatro convites, estudando a melhor possibilidade. Quero agradecer os partidos que estão valorizando nosso trabalho. Temos convite do Podemos, PL, PP e a permanência no PRD. Mas estamos inclinados para o PP ou PL”
Marisol Santos, PSDB, sobre possível ida ao MDB
“Temos bastante proximidade (com o MDB), mas não recebi nenhum convite oficial. Estou feliz no PSDB e, nesse momento, não tenho intenção de mudar de partido. Meu nome está à disposição como pré-candidata a vereadora. Hoje minha posição é pela permanência no PSDB”.
Wagner Petrini, PSB, com possível ida ao PSDB
“Portas abertas sempre, mas seguirei no PSB. Sou membro da direção e temos como objetivo fazer a maior bancada da história do PSB no município, elegendo quatro vereadores. Encerro minhas atividades na prefeitura dia 5 de abril. Se Deus quiser, na sessão do dia 9 de abril estarei novamente no parlamento, para continuar o trabalho e buscar minha reeleição a vereador”
Alberto Meneguzzi, PSB, sobre possível ida ao PSD ou outro partido
“Estou no PSB há 20 anos. Nunca troquei de partido. Saí agora da Câmara de Vereadores após um período de suplência. Tenho convites de outros partidos. Estou num período de análise profunda da minha vida política”.
Clóvis Xuxa, PRD, sobre possível ida ao União Brasil, PDT ou MDB
“Tenho que fazer muitas pesquisas ainda, muitas somas, tenho que dividir. Então, eu não tenho nada de concreto. Muito difícil essa decisão. Eu vou aguardar mais, sai lá para o dia 15 ou 20 (a decisão)”.
Olmir Cadore, PSDB, sobre possível ida ao PL, PP ou Podemos
“É um momento de muita especulação. Convites são normais de acontecer. Alguns partidos já buscam definições para suas nominatas, mas hoje sou PSDB e vou aguardar para tomar qualquer decisão. Vou avaliar e decidir no momento oportuno”.