
Caxias do Sul - A Polícia Civil de Caxias do Sul, por meio da 1ª Delegacia de Polícia, prendeu cinco pessoas e cumpriu sete mandados de busca e apreensão durante a Operação Omertà, deflagrada na manhã desta quarta-feira (27), com ações simultâneas em Caxias do Sul (RS) e Imbituba (SC).
A ofensiva investiga crimes de tortura, sequestro e extorsão ligados a cobranças violentas de dívidas relacionadas ao tráfico de drogas e à agiotagem. Segundo a Polícia Civil, criminosos terceirizavam a cobrança e contratavam um torturador e seus comparsas para intimidar, ameaçar e agredir vítimas.
As buscas em Santa Catarina contaram com apoio da Delegacia de Capturas (DECAP) e Delegacia de Roubos e Antissequestro (DRAS), unidades do Diretoria Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil catarinense, que auxiliaram na captura de um investigado que havia fugido para o Estado.
Como a investigação avançou
A investigação ganhou força após a prisão do primeiro suspeito, identificado como torturador do grupo. Ele foi detido após policiais recuperarem vídeos em seu celular que mostravam agressões e ameaças contra vítimas mantidas em cativeiro entre maio e agosto deste ano.
No cumprimento do mandado de busca, foram apreendidos entorpecentes, celulares, máquinas de choque, além de instrumentos idênticos aos usados nas agressões, como um pé de cabra, um bastão, bem como roupas vistas nas gravações.
Os materiais apreendidos confirmam as provas dos crimes e evidenciam o modo de atuação utilizado nas sessões de tortura.
A partir da análise dessas provas, os agentes identificaram um segundo envolvido, responsável por auxiliar nos sequestros, na logística e nas filmagens das sessões de tortura. Ele foi preso em Imbituba (SC).
Outros presos
Em Caxias, no bairro Bela Vista, foi capturado o homem apontado como contratante do torturador. Ele teria ordenado a cobrança violência de uma dívida e é suspeito de mandar espancar uma vítima no bairro Lourdes, em maio.
No bairro Desvio Rizzo, foi preso outro investigado por cobranças extremamente violentas. Em um dos casos, ele teria invadido a casa de uma vítima, colocado-a de joelhos diante das filhas menores e apontado uma arma para sua cabeça enquanto gravava um vídeo exigindo pagamento de dívidas vinculadas à agiotagem.
A Justiça decretou ainda a prisão preventiva do quarto investigado, o torturador já identificado na primeira fase da operação, após a reunião de provas consistentes que comprovaram sua participação direta nos crimes investigados.
Resultado da operação
Ao todo, cinco pessoas foram presas desde o início das ações da Operação Omertà, que desvendou a atuação do grupo criminoso envolvido em torturas, sequestros e extorsões. Os detidos foram encaminhados ao sistema prisional e permanecem à disposição da Justiça.
O inquérito policial será concluído no prazo legal, com o envio das provas ao Judiciário.
Além disso, agentes apreenderam mais de 30kg de drogas.
Por que “Operação Omertà”?
O nome faz referência ao código de silêncio das antigas organizações mafiosas do sul da Itália, marcado pela proibição de colaborar com autoridades e pela punição severa a quem rompe o pacto, características identificadas no grupo investigado.
Denúncias
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