INDICIAMENTO

Polícia Civil indicia brigadianos por homicídio e fraude em morte de homem algemado em Bom Jesus

PM que atirou no preso algemado foi indiciado por homicídio; outros três PMs por fraude processual e prevaricação.

Imagens mostram aparente execução de jovem em Bom Jesus | Foto: Polícia Civil / CP
Imagens mostram aparente execução de jovem em Bom Jesus | Foto: Polícia Civil / CP

Serra Gaúcha e Vacaria - A Delegacia de Polícia de Vacaria concluiu nesta sexta-feira (18) o inquérito que investigou a morte de Geovane Matias Maciel, ocorrida em 4 de março de 2025, durante uma abordagem policial em Bom Jesus (RS). Os agentes encaminharam o inquérito ao Poder Judiciário da Comarca de Bom Jesus com o indiciamento de quatro policiais militares da Brigada Militar.

O caso ganhou repercussão após um vídeo enviado ao Ministério Público mostrar que Geovane se encontrava rendido e algemado quando recebeu quatro tiros. A abordagem policial aconteceu no Km 64 da BR-285, por volta das 14h30min. No primeiro momento, os policiais alegaram legítima defesa e disseram que a vítima os atacou com uma faca. Porém, as imagens contradisseram essa versão.

Investigação da Polícia Civil

A Polícia Civil assumiu a investigação após a denúncia e conduziu diligências técnicas, como a análise de laudos de necropsia e balística, oitivas de testemunhas e perícia no vídeo que revelou a execução. As provas apontaram que o autor dos disparos disparou contra Geovane enquanto ele já estava imobilizado, e que os policiais tentaram manipular a cena do crime e forneceram informações falsas para dificultar a apuração.

O delegado responsável pediu a prisão preventiva do autor dos tiros, e a Justiça deferiu. Atualmente, o soldado está preso em unidade militar na capital gaúcha.

Detalhes do Indiciamento

Soldado autor dos disparos: Homicídio Qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima) e Fraude Processual (com base na Lei de Abuso de Autoridade).

Outros três PMs (um sargento e dois soldados): Fraude Processual e Prevaricação.

A investigação revelou que os policiais alteraram a dinâmica do crime ao relatar um local diferente da abordagem e tentaram encobrir a execução. Com o indiciamento, o caso agora segue para o Ministério Público, que poderá apresentar a denúncia formal à Justiça.

A Polícia Civil reafirmou que mantém o compromisso com a apuração imparcial e rigorosa de todos os crimes, inclusive os cometidos por agentes públicos, e destacou a importância de garantir a responsabilização de todos perante a lei, como pilar do Estado Democrático de Direito.