Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) seguem em Bento Gonçalves, nessa quinta-feira (23), para averiguar as denúncias de trabalho análogo à escravidão na colheita de uva e abate de frango no município. O proprietário da empresa que realizava a contratação dos trabalhadores foi preso na parte da manhã.
A operação foi deflagrada na noite da quarta-feira (22), após parte dos funcionários conseguir fugir e fazer a denúncia na PRF em Porto Alegre. Ao chegarem no alojamento, localizado no bairro Borgo, os policiais e os fiscais do MTE encontraram quartos sujos, pequenos e sem ventilação adequada. Na denúncia, os trabalhadores, em grande maioria oriundos da Bahia, afirmaram também sofrer ameaças e agressões físicas, além de não terem recebido o salário combinado no momento da contratação.
Diretamente ao portal Leouve, alguns trabalhadores relataram haver outros alojamentos em situação semelhante na cidade. A possibilidade também faz parte das investigações desta quinta-feira (23). Em áudio, um homem que trabalhava no abatedouro de frangos contou que era descontado de 600 a 1000 reais por dia de falta. “A gente recebia um pacote de bolacha de manhã e o almoço era azedo. A gente chegava em casa 20h, 22h e saia meia-noite. Aí passa a noite, o dia e a metade da outra noite sem ir em casa, sem dormir e sem receber comida. Os guardas qualquer coisa dá choque na gente. Recebi apenas 15 dias do primeiro mês de trabalho. E quando recebemos, veio com descontos que só eles entendem, pelo mercado que é deles mesmos.”
O Serviço Especializado em Abordagem Social também está no local prestando apoio. A prefeitura providencia no momento acomodações para os trabalhadores que optarem por deixar a pousada e os trabalhos em Bento Gonçalves. De acordo com o Gerente Regional do MTE, Vanius Corte, a empresa que fazia a contratação dos funcionários será responsável pelo retorno deles para suas cidades.