(Foto: MP/Divulgação)
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Rio Grande do Sul - O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) golpeou nesta quarta-feira (19) o coração financeiro de uma facção que agia no Sul do Estado. A terceira fase da Operação El Patron atingiu diretamente 27 investigados, dos quais 22 já caíram presos preventivamente em Pelotas, Capão do Leão, Camaquã e no Presídio Regional de Pelotas.

A ofensiva mobilizou 150 agentes e cumpriu 27 mandados de busca e apreensão, além do sequestro judicial de oito veículos. As investigações, que se estendem há mais de um ano, revelaram um esquema que lavou mais de R$ 107 milhões desde 2024, usando dinheiro do tráfico e da agiotagem.

Transferências Milionárias e Rede Financeira Paralela

O promotor Rogério Meirelles Caldas, coordenador do 10º Núcleo Regional do GAECO – Sul, detalhou como os criminosos alimentavam a rede ilegal:

  • Um investigado movimentou sozinho mais de R$ 8 milhões.
  • Outro manteve relações financeiras com 21 pessoas, somando R$ 1,4 milhão em transações.
  • Nove presos transferidos nesta quarta-feira responderam por R$ 32 milhões em movimentações.

Os investigados operavam cerca de 200 contas bancárias, todas bloqueadas pela Justiça. As transações, muitas entre contas de mesma titularidade, buscavam criar um rastro confuso para esconder a origem ilícita do dinheiro. A análise do GAECO mostrou conexões cruzadas, que revelam uma estrutura empresarial clandestina dedicada à lavagem de capitais.

Parte do dinheiro saía de Pelotas e seguia para Balneário Gaivota, Florianópolis e Navegantes (SC); São Paulo, Santos e Ribeirão Preto (SP); e até Humanitária, no Amazonas, em um circuito usado para mascarar operações e pulverizar ativos.

Lavagem de Dinheiro e Métodos Clandestinos

Segundo o coordenador estadual do GAECO, promotor André Dal Molin, a facção criou um sistema próprio de lavagem, que reciclava lucros do tráfico em rifas, apostas e empréstimos clandestinos. Os criminosos até usavam um aplicativo estrangeiro para simular operações financeiras legais, mas aplicavam juros abusivos e métodos de cobrança típicos de facções.

A promotora Maristela Schneider também integrou a equipe que executou a operação.

Força-Tarefa e Inteligência Policial

A El Patron III reuniu agentes do GAECO/MPRS, do 4° BPM, 5° BPChoque e CRPO Sul da Brigada Militar, além do GAES da Polícia Penal. O Departamento de Inteligência e Assuntos Estratégicos (DIAE/SSPS) empregou tecnologia especial para localizar materiais ilícitos dentro de unidades prisionais.

Com a operação, o Ministério Público mira o que considera o eixo financeiro da facção, um dos pilares que permitia a expansão da organização criminosa na região.