Justiça

Depois de quatro anos preso preventivamente, jovem é absolvido com ajuda da DPE/RS

Preso preventivamente em 2017, o assistido da DPE/RS não possuía antecedentes criminais - Foto: Sandrine Monte Knopp - Ascom DPE/RS
Preso preventivamente em 2017, o assistido da DPE/RS não possuía antecedentes criminais - Foto: Sandrine Monte Knopp - Ascom DPE/RS

Após quatro anos preso preventivamente, um jovem de 24 anos foi absolvido no Tribunal do Júri, na última quarta-feira (7), com a ajuda da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS). O caso aconteceu no município de Alvorada e o irmão do rapaz, que também havia sido acusado do crime e igualmente estava preso, não teve o mesmo destino. Aos 22 anos, o jovem faleceu na prisão, vítima de tuberculose e complicações da covid-19, em agosto de 2020.

O crime do qual ambos eram acusados aconteceu em 2016. Na ocasião, uma casa foi invadida por dois atiradores, que procuravam por um desafeto, mas acabaram matando outro homem. Os criminosos conseguiram fugir e, após algum tempo, os irmãos, que eram vizinhos da casa, foram verificar o ocorrido. Uma testemunha que estava no local reconheceu os rapazes e acusou-os do crime.

Presos preventivamente em 2017, os assistidos da DPE/RS não possuíam antecedentes criminais. Para o defensor público que atuou no processo, Iesus Cabral, o fato de serem pobres e negros pode ter pesado na forma em que se deu o inquérito e o processo.

“Não podemos apontar culpados específicos, porque sabemos que a sociedade reproduz uma estrutura em que os negros são os mais penalizados. Por isso dizemos que o racismo é estrutural. É um sistema que vem se movendo há séculos no país e ainda não conseguimos mudar essa roda cruel e sectarista. Posso dizer que essa vitória tem sabor agridoce. Fico feliz com a absolvição, mas não apenas a família da vítima foi destruída, a família dos acusados também foi. A Defensoria conseguiu devolver para a mãe dos acusados apenas um de seus filhos, o outro, infelizmente, não deu tempo de salvar”, comenta o defensor.

Emocionada e grata pela atuação da DPE/RS, a mãe dos jovens conta que a ficha ainda não caiu e que só pensa no filho podendo aproveitar sua cama e a comida de casa.

“A Defensoria era a única chance que eu tinha, porque meus recursos já estavam esgotados. Parece repetitivo dizer isso, mas nós que somos negros e pobres recebemos muitas acusações. Por isso sou muito agradecida pelo interesse do defensor público, que realmente se preocupou com o caso. Infelizmente um pedaço da nossa família foi destruído e isso não tem volta. Então só espero que a Justiça não seja cega e que casos como o nosso não se repitam”, disse.