POLÊMICA

Eduardo Leite é acusado de usar verba pública para autopromoção em documentário sobre tragédia no RS

Deputados do PT denunciam uso indevido de recursos da reconstrução em filme que retrata governador como herói da crise climática

Trecho do trailer do filme sobre a tragédia que afetou milhares de gaúchos e o trabalho de reconstrução do Estado - Foto: Reprodução
Trecho do trailer do filme sobre a tragédia que afetou milhares de gaúchos e o trabalho de reconstrução do Estado - Foto: Reprodução

Rio Grande do Sul - O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), está no centro de uma nova polêmica após a divulgação do documentário Todos Nós por Todos Nós. O filme foi produzido pela Secretaria de Comunicação do Estado (Secom-RS). Segundo denúncia do deputado estadual Miguel Rosseto (PT), líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa, a peça audiovisual representa uma tentativa de autopromoção pessoal com verba pública. Isso ocorre em meio à maior tragédia climática da história do estado.

“É inadmissível que recursos públicos, especialmente em um momento de calamidade, sejam utilizados para construir uma narrativa personalista em torno do governador”, afirmou Rosseto.

O parlamentar afirma que a peça fere os princípios constitucionais da impessoalidade, legalidade e moralidade que regem a administração pública. A bancada do PT informou que irá acionar o Ministério Público. Eles pedem a retirada imediata do documentário das redes sociais e salas de cinema. Além disso, solicitam a abertura de investigação por improbidade administrativa.

Paulo Pimenta: “Leite debocha do povo gaúcho”

O deputado federal Paulo Pimenta (PT) também criticou duramente a ação do governo. “O governador Eduardo Leite debocha do povo do Rio Grande do Sul ao utilizar verbas da reconstrução para se promover. Estamos tomando todas as medidas cabíveis para que ele seja responsabilizado”, declarou.

O documentário foi divulgado oficialmente nas redes do governo e em algumas salas de cinema. Ele retrata Leite como figura central nas ações de reconstrução pós-enchentes. Para os parlamentares do PT, isso configura um uso indevido de dinheiro público para fins eleitorais e pessoais.

Entenda o caso

As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 causaram mortes, destruição de infraestrutura e um colapso em áreas urbanas e rurais. Desde então, o estado mobiliza recursos emergenciais para reconstrução, muitos deles oriundos do governo federal e de doações.

A denúncia do PT levanta a suspeita de que parte desses recursos pode ter sido destinada à produção do documentário. Isso pode configurar desvio de finalidade. Consequentemente, pode promover a abertura de um processo por improbidade administrativa.

Conforme o governo do Estado, o documentário integra as ações do Plano Rio Grande, com o objetivo de preservar a memória coletiva e valorizar os esforços de quem esteve na linha de frente do socorro e da recuperação.

Nota à imprensa

A Secretaria Estadual de Comunicação (Secom RS) informa que o documentário “Todos Nós por Todos Nós” é uma obra com valor histórico produzida por sua própria equipe, com imagens do Departamento de Jornalismo, que retrata, de forma objetiva, o impacto e os reflexos das enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Como prestação de contas e transparência do trabalho realizado, o documentário reúne depoimentos de pessoas da comunidade que viveram a tragédia, além de falas do governador, do vice-governador e de outros integrantes do governo que atuaram diretamente nas ações de enfrentamento e reconstrução do Rio Grande do Sul. As imagens mostram ainda outras lideranças, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A produção integra uma ampla programação organizada pelo governo do Estado para marcar um ano da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. Foram realizadas durante duas semanas uma série de debates e eventos de prestação de contas, entregas de moradias, inauguração de obras de infraestrutura, anúncios de novos benefícios a pessoas afetadas pelas enchentes e a exposição “Além das águas: uma crônica visual sobre a enchente e a reconstrução”, com fotos de resgates, abrigamento de vítimas e ações governamentais nas regiões mais afetadas do Estado.

O objetivo da ampla programação foi destacar o trabalho realizado, prestar contas e apresentar o andamento do Plano Rio Grande, um programa de Estado que trata da reconstrução e das ações voltadas a fortalecer a resiliência do Estado. Foi impressa, ainda, uma revista de 74 páginas sobre o andamento e as entregas dos projetos que integram o Plano Rio Grande.

Secretaria Estadual de Comunicação