Opinião

Você sabe o que pode interferir na doçura e equilíbrio dos vinhos? Descubra!

Diferentes fatores influenciam no perfil da bebida e o equilíbrio deles é garantido pelo emprego de métodos analíticos.

Imagem de Kym Ellis no Unsplash
Imagem de Kym Ellis no Unsplash

Você gosta de um bom vinho? Então, deve saber que apreciar a bebida é uma arte que vai bem além de, apenas, degustá-la. Pelo contrário, é preciso entender toda a ciência envolvida desde a colheita da uva ao engarrafamento. Mais ainda, saber que uma série de fatores químicos pode interferir na doçura e equilíbrio dos vinhos. Ok, e como os especialistas determinam isso?

A fabricação de vinhos é um processo milenar que combina arte, tradição e ciência. Tudo começa nas parreiras, selecionando as uvas com base na sua qualidade e maturidade. Ainda que as técnicas tenham evoluído ao longo do tempo, sobretudo com a tecnologia, alguns princípios básicos se mantêm.

Mas, seja em uma vinícola familiar de pequeno porte, cooperativa ou fabricação em larga escala, a avaliação química é fundamental para garantir a qualidade da bebida. Neste sentido, entram técnicas, como a titulação que, por exemplo, analisa os açúcares residuais e enzimas. Então, vamos entender um pouco melhor sobre este processo?

Um breve histórico da fabricação dos vinhos

Antes de tudo, que tal um pouquinho de história? A fabricação vinícola tem raízes milenares e mesmo pré-históricos. Só para ter uma ideia, cientistas encontraram registros de oito mil anos atrás, no atual território da Geórgia. É claro que as técnicas de produção foram evoluindo, principalmente com a automatização. Mas, algumas etapas foram preservadas em sua essência:

  • Colheita da uva
  • Desengace
  • Esmagamento
  • Fermentação
  • Clarificação
  • Amadurecimento
  • Engarrafamento

Atualmente, diversas regiões do mundo se destacam na fabricação de vinho, como Itália, França, Portugal, Chile, Estados Unidos e Argentina. No Brasil, embora o Rio Grande do Sul seja tradicionalmente conhecido por esta cultura, outras regiões vêm se destacando nisso.

Por exemplo, o Vale do Rio São Francisco e Goiás, cujas técnicas adaptam as variedades de uva ao clima tropical. Da mesma forma, o sul de Minas Gerais, São Roque (SP) e Santa Catarina.

O que influencia na doçura e equilíbrio dos vinhos?

Em todo o processo de produção, diversos fatores podem influenciar no perfil Acidez: A acidez é crucial para o equilíbrio do vinho, pois contrabalança a doçura. Vinhos com alta acidez podem parecer menos doces, mesmo que tenham a mesma quantidade de açúcar residual que vinhos com menor acidez.

Taninos

De modo geral, são polifenóis provenientes das cascas e sementes das uvas, bem como do envelhecimento em barris de carvalho. São eles que dão a sensação de adstringência e, por isso, podem influenciar a percepção de doçura.

Teor alcoólico

O próprio álcool dá uma sensação de doçura no paladar. Por isso, vinhos com maior teor alcoólico podem parecer mais doces. Um exemplo disso é o vinho do Porto, conhecido por sua doçura. Ao mesmo tempo, o teor fica em torno dos 20%,

Temperatura

Pouca gente sabe, mas a temperatura a que se serve o vinho também pode alterar a percepção de doçura. Ou seja, temperaturas mais altas tendem a realçar a doçura, enquanto temperaturas mais baixas podem suprimi-la.

Processo de fermentação

Em resumo, a fermentação transforma os açúcares naturais da uva em álcool. Sendo assim, se este processo for interrompido antes de converter todos os açúcares, o vinho reterá mais doçura.

Clima e solo

As condições climáticas e o tipo de solo nos quais se cultiva a uva também afetam a maturação e, consequentemente, o conteúdo de açúcar das uvas. Isso, claro, pode influenciar a doçura do vinho.

Variedade da uva

Por fim, algumas variedades de uva têm naturalmente mais açúcar. Desta forma, resultam em vinhos mais doces após a fermentação da bebida.

A importância das análises químicas

Vamos retomar aquela pergunta que fizemos no início do artigo? Como os especialistas identificam a doçura do vinho? Principalmente, pelas análises químicas, como a titulação. Veja:

Influência dos açúcares residuais

Antes de mais nada, vamos falar sobre os açúcares residuais? De fato, são fatores que influenciam diretamente no sabor final da bebida. Inicialmente, estes açúcares são aqueles que não foram convertidos em álcool durante a fermentação. Portanto, são um componente importante na determinação da doçura de um vinho.

Assim, é fundamental obter um equilíbrio cuidadoso entre a doçura e outros elementos, como acidez e taninos, sobretudo para criar um vinho harmonioso e agradável ao paladar.

Métodos de titulação para análise de açúcares residuais em vinhos

A análise de açúcares residuais é, inegavelmente, um processo crítico na produção de vinhos. Afinal, determina não apenas a doçura percebida, mas também como o vinho interage com os sentidos de quem prova. Por isso, a indústria aplica métodos de titulação, cujo objetivo é fazer a análise quantitativa de uma substância química específica.

Na viticultura, aplica-se, por exemplo, a comparação entre a titulação potenciométrica e a enzimática para identificar qual oferece maior precisão e eficiência. Estes métodos são essenciais para garantir que cada gole de vinho atenda às expectativas dos consumidores mais exigentes.

A princípio, a titulação potenciométrica utiliza medições de potencial elétrico para quantificar os açúcares. Já a titulação enzimática emprega enzimas específicas que reagem com os açúcares. Então, qual método é melhor? Na verdade, cada um tem suas vantagens, logo, a escolha depende de vários fatores, por exemplo, a precisão desejada e o tipo de vinho em análise.

De qualquer forma, a precisão desses métodos é vital para manter a consistência e qualidade da bebida.

E os vinhos de sobremesa?

Os vinhos de sobremesa são uma variedade produzida com uvas mais doces, ou seja, aquelas que, naturalmente, possuem alta concentração de açúcar. Por isso, são conhecidos por apresentar doçura mais elevada.

Aqui, mais uma vez, é crucial desenvolver métodos eficientes para analisar os açúcares residuais e, assim, assegurar que mantenham seu perfil distinto. Entre os mais aplicados, está a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) que, em suma, separa e quantifica os açúcares presentes neste tipo de vinho.

Como vimos, existe toda uma arte por trás daquele vinho que você serve à mesa. Logo, para garantir a qualidade da bebida, é importante empregar métodos analíticos que garantam o equilíbrio perfeito de cada elemento.