Na virada de 2021 para este ano a esperança do mundo era esquecer o covid e a crise em que o mundo foi jogado. Engano. O ano começa e uma guerra estoura logo nas primeiras semanas, o que eleva as tensões nos mercados e nos governos ao máximo. Assim, vamos repassar rapidamente pelo ano e contar sobre o que aconteceu de mais relevantes e, principalmente, falar sobre as mudanças das percepções dos investidores. Nosso intuito é clarear os acontecimentos passados e nos munir de informações relevantes para investir certo em 2023.
Commodities
As commodities tiveram foram as estrelas de 2022. As sanções aplicadas sobre a Rússia elevaram os preços. O preço do petróleo e do gás natural subiram explosivamente e trouxeram preocupações a respeito do abastecimento energético da Europa. Além disso, o preço dos grãos também foi atingido, porque a Ucrânia é uma grande fornecedora de grãos. Na China, os sucessivos lockdowns derrubaram os preços do minério de ferro.
Até maio, os preços do petróleo passaram de 120 dólares ao barril enquanto o minério de ferro seguia caindo. Fechamos o ano com a dinâmica invertida, o petróleo voltou a cair com o olhar dos investidores voltando-se à desaceleração da economia mundial e com o fim dos lockdowns na China.
Mercado Internacional
A inflação atingiu com tudo o mundo neste ano. Os países desenvolvidos que há muito tempo não lidavam com este tipo de problema tiveram que enfrentá-la. A solução escolhida pelos bancos centrais foi aumentar os juros. Mas foi a agressividade da alta de juros capitaneada pelo Banco Central Americano que derrubou as bolsas internacionais. O enxugamento de liquidez fez com que os investidores saíssem de ativos de risco e procurassem ativos mais seguros. Tivemos a famosa inversão da curva dos treasuries de 2 e 10 anos que espalhou o medo de recessão.
O S&P500 chegou a cair 30% no ano. As empresas de tecnologia foram as que mais caíram. A Europa viu os custos das empresas subir mês a mês. Na Alemanha, por exemplo, o Índice de preços ao produtor passou de 30% no ano.
Bolsa brasileira
O Brasil foi o primeiro país que começou a subir os juros, isso nos deu uma vantagem na luta contra a inflação comparativamente com os demais países. A bolsa brasileira andou entre 100 mil e 120 mil pontos praticamente todo ano. O destaque foram os dividendos distribuídos por Vale e Petrobrás. A alta das commodities refletiu em lucros para estas empresas. O que deixou o investidor muito contente.
As empresas de varejo, por sua vez, tiveram um ano muito desafiador a taxa de juros alta fez com que as ações das empresas caíssem forte durante 2022. Em agosto até ensaiaram uma recuperação com a sinalização do Banco Central sobre um possível fim do ciclo de alta dos juros. Entretanto, com as indicações do governo que assumirá o planalto em 2023 os juros futuros voltaram a disparar, o que aumentou as tensões no mercado brasileiro.
Em dezembro, também tivemos o fim do teto de gastos. Os programas sociais foram retirados da regra pelo STF. Embora possamos fechar as contas públicas deste ano no positivo, espera-se um rombo de mais de 150 bilhões de reais para o ano que vem.
Dólar
O real começou o ano valorizando-se fortemente frente ao dólar. Muito desse movimento explicado pelo aumento da taxa de juros e também pela valorização das commodities que turbinou os resultados das exportadoras brasileiras. Em alguns momentos de tensão do mercado internacional, a moeda americana voltou a se valorizar frente ao real, no entanto, tudo indica que terminará o ano por volta dos R$5,20.
Renda Fixa
A renda fixa foi o grande destaque do ano. O investidor brasileiro que muito gosta de juros sorri desde maio surfando a alta dos juros. Começamos o ano com a inflação ainda alta e o Banco Central liderado por Campos Neto subindo os juros para controlá-la. Na metade do ano, tivemos a intervenção do governo nos impostos estaduais sobre os combustíveis o que causou deflação, poucas vezes vista no país. Isso fez com alguns títulos ligados ao índice da inflação sofressem por alguns meses, mas que rapidamente se recuperassem logo após a eleição. Os títulos pré-fixados também foram destaque chegando a bater mais de 16% ao ano. Terminamos o ano com a renda fixa pós-fixada pagando tranqüilamente 1% ao mês, algo que há muito tempo não víamos e não sabemos até quando durará.
Fundos Imobiliários
Os FII’s foram sem sombra de dúvidas a classe de ativos que mais sofreu ao longo de 2022. Eles já vinham com um desempenho aquém dos demais no início do ano. A intensificação do ciclo de alta derrubou as cotações. Eles chegaram a se recuperar em agosto quando o mercado entendeu que poderia ser o fim do ciclo de alta de juros. No entanto, logo após a eleição os juros futuros dispararam com o risco fiscal e eles entregaram toda alta anterior.
Portanto, 2022 foi um ano com muita volatilidade no mercado mundial. Esperamos que tenhamos mais um ano desafiador pela frente que exigirá dos investidores muita atenção para que possam proteger seu capital e alavancar os ganhos.