
Num tempo em que o Rio Grande do Sul atravessa desafios como nunca antes — rios transbordando, cidades em silêncio, famílias recomeçando do zero várias vezes — é impossível ignorar o chamado por uma nova liderança. Uma liderança que vá além do discurso, que enxergue no presente as sementes que podem – ou não – florescer no futuro.
Aqui, liderar nunca foi fácil. O gaúcho carrega nas costas a tradição da resistência, do
trabalho duro, do orgulho da terra. Mas agora, o orgulho precisa dar lugar à humildade, e a força antiga deve se renovar em diálogo e escuta. Porque reconstruir não é simplesmente erguer novas paredes: é pensar, desde já, em como cuidar das águas, das matas, de quem planta, de quem produz e, principalmente, de quem sonha com um amanhã melhor.
A liderança que precisamos hoje não olha apenas para os negócios, nem apenas para o meio ambiente, nem apenas para as pessoas. É uma liderança que une tudo isso,
costurando sustentabilidade, empatia e inovação em cada decisão.
Ao andar pelas ruas marcadas pela enchente, é urgente lembrar que futuro não se constrói sozinho. Precisamos de líderes que saibam planejar com responsabilidade, mas que também inspirem esperança. Que promovam negócios sustentáveis, que impulsionem uma nova economia em sintonia com a natureza e que coloquem o ser humano no centro de
todas as estratégias.
É preciso abandonar o velho roteiro do crescimento a qualquer custo. O Rio Grande do Sul só será forte se for justo, equilibrado, e resiliente. Se, ao invés de explorar, aprendermos a regenerar: o solo, os relacionamentos, a confiança e o propósito de cada um.
Liderar, por aqui, será sobretudo re-aprender. Reaprender a ouvir, respeitar e incluir.
Planejar não apenas para hoje, mas para as próximas gerações de gaúchos e gaúchas.
Uma liderança que não tema reconhecer erros, que se abra para novas tecnologias, que transforme a dor atual em gesto de renovação.
No fim, a reconstrução que nos aguarda é também interna: um compromisso com o coletivo,
com o meio ambiente, com a justiça e com a coragem de mudar de verdade. Porque só assim, liderando com sensibilidade e consciência, veremos o Rio Grande do Sul florescer — no seu tempo, no seu ritmo, para todos