As tragédias dentro da tragédia da enchente parecem não ter fim.
Não podemos nem dizer: levanta sacode a poeira e dá a volta por cima, porque em alguns locais ainda tem água. Onde não tem água ou charco, tem lama. E onde limparam a lama não sobrou pedra sobre pedra, muito menos poeira pra chacoalhar.
Uma coisa é certa, onde a gente olha tem alguém dando palpites não solicitados ou enfiando o dedo no machucado alheio. Fazendo da situação ruim, algo ainda pior.
Choramos com a chacina dos bichos, quando um comércio de seres vivos deixou todos os animais pra trás, trancados num shopping de Porto Alegre.
Teve as charges do Jean Galvão e Fabiane Langona, que na minha opinião não tinham nada de desrespeitoso. Desenharam um chiste respeitoso, não uma chacota, e foram virtualmente linchados. Acho que mais por suas opiniões em outras questões, do que pelas charges em si.
E quando a gente acha que nada pode ser mais chinfrim e baixo, eis que surgem os charlatões digitais.
Tem os chatos de galocha, conhecidos como influencers, andando pelos locais sem ajudar e muitas vezes atrapalhando quem está trabalhando. Fazem fotos, videos, publis e posts chamativos, chafurdando na tragédia.
Não vamos esquecer dos chechelentos – ou xexelentos – master, os coachs! Reis do charlatanismo, encharcam nossa sanidade com o seu chorume; alguns espalhando fake news, outros preenchendo seus perfis com novos seguidores por estarem pseudo ajudando, fazendo caridade com o chapéu alheio.
Pra mim, o X da questão é com CH, de charlatanismo climático; chumbo e chamas nas florestas; chantagem social; chuva, cheias e enchente; choque, choro e chagas deixadas por uma política de destruição ambiental chocante e constante.
Como sou uma eterna realista-otimista, estou preocupada com as chances de acontecer tudo de novo, mas fico chuleando que o chão do Rio Grande do Sul seque logo, para os gaúchos voltarem a tomar seu chimarrão enquanto esperam pelo churrasco.
P.S.: A charge que ilustra esse texto (e a capa) é do meu chargista favorito, CH Iotti.