OPINIÃO

Guerra comercial: tarifas no lugar de armas

As tarifas implantadas pelo governo dos Estados Unidos da América pode ser um acontecimento para sempre registrado nos livros.

Imagem por IA
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Existem acontecimentos na história da economia moderna que mudaram a trajetória da nossa civilização. Os acordos de Bretton Woods e do petrodólar são exemplos. As tarifas recíprocas implantadas pelo governo dos Estados Unidos da América podem ser mais um que ficará para sempre registrado nos livros. Todavia, o mercado financeiro não recebeu bem essa mudança e vivemos tempos com nervos à flor da pele. No Brasil, o risco fiscal permanece, mas está ofuscado pela cena externa.

Resumo do Mercado:

No mês de março todos índices brasileiros superaram o CDI. O Ibovespa foi o grande destaque. As ações brasileiras subiram 6,08% no mês enquanto as ações americanas caíram 5,8%.

Cenário Macro

Liberation Day marcou o início de uma nova dinâmica no comércio internacional. A despeito da forte volatilidade no mercado acionário americano, não tivemos nenhuma surpresa nas ações adotadas até aqui pelo governo Trump.

As reações dos países atingidos contrastaram com a posição firme do presidente americano. Entretanto, o corolário é um comércio internacional menor. O encolhimento do livre comércio entre países fez acender o temor de uma recessão. Por isso, as ações começaram a cair globalmente.

O segundo fator que pesou para a tensão no mercado fora a inflação, porque o aumento das tarifas causa sobretudo o aumento dos preços dos bens de consumo na maior economia do mundo. Foram exatamente essas preocupações que fizeram o Fed não alterar os juros na última reunião de março.

Ásia e Europa

A Alemanha avançou seu pacote de gastos fiscais depois de alianças políticas, agora o país pode expandir os gastos em 500 bilhões de euros e aumentar sua dívida. A economia da Zona do Euro segue andando de muletas. Os cortes de juros devem seguir.

A União Européia se prepara para retaliar os Estados Unidos na questão das tarifas. Mas é a China quem confronta, subindo as suas tarifas a cada novo anúncio americano. A segunda maior economia do mundo escala a guerra comercial de uma maneira que faz as tensões saltarem.

A guerra comercial pega o país em um momento em que a sua economia mostrava sinais de melhora. Agora o futuro econômico do país é incerto, porque parece estar perdendo seu maior cliente e maior financiador. A promessa do Partido Comunista é ativar uma forte agenda de estímulos.

Brasil

Os índices de aprovação do atual governo seguem caindo. Por isso, vemos tanto esforço em ações populistas que visam melhorar sua popularidade. O total do valor gasto deve chegar a R$28 bilhões. Sem contar os recentes incentivos ao crédito e o aumento da faixa de isenção do imposto de renda.

A inflação segue sendo a principal preocupação do Banco Central. Em fevereiro, o IPCA atingiu 1,3% de alta. O bolso do brasileiro parece estar furado porque o dinheiro não chega até o final do mês. O Banco Central mostrou um posicionamento firme para reduzir a inflação.

Assim, as projeções para a taxa Selic se mantêm em 15%. A situação segue complicada fiscalmente e a economia dá sinais de desaceleração. Enquanto o governo brasileiro aumenta as pressões inflacionárias, o BC tenta segurar a inflação através do aumento do juro. Um verdadeiro cabo-de-guerra.

Pois bem, a bolsa brasileira tem um desempenho bom no ano, mas em linha com outros países emergentes. A alta de 17% em dólar no ano comprova que são os fatores externos que têm salvado o investidor brasileiro de naufragar no Cabo da Boa Esperança.  

Conclusão e comentários

O dia 2 de abril de 2025 deve entrar na história. A data se transformará em um novo marco na economia moderna. A disputa entre China e Estados Unidos está fazendo o mundo tremer, especialmente no mercado de ações. A cada fala do presidente Trump ou a cada manhã – final do dia na China – os mercados tremulam como se fossem uma bandeira hasteada ao vento.

De fato, ninguém sabe dizer que rumo ou quando as coisas acalmarão. Nem o mais cético é capaz de negar que vivemos tempos decisivos. A narrativa nos jornais é direcional, criticando apenas criticam um lado.

Apesar disso, a dinâmica de todo comércio internacional deve mudar. O fluxo de capital e recursos naturais deve rapidamente se ajustar à medida que a maior economia do mundo começa um processo de reindustrialização e reequilíbrio de forças.

O investidor deve acompanhar de perto estes movimentos, porque o Brasil será afetado. Por obra divina ou pura sorte (por insignificância, eu diria), estamos sendo poupados e podemos ser beneficiados no final deste capítulo importante da economia mundial.

Portanto, a palavra ainda é cautela, principalmente, porque nossa elite governante segue fazendo peripécias criativas para ajustar as contas e continuar gastando como se o governo brasileiro desse cartão corporativo sem limite para todos.