A última semana foi marcada pelas decisões dos bancos centrais sobre a política monetária. Os bancos centrais de Estados Unidos, Europa e Brasil anunciaram basicamente aquilo que o mercado esperava. No entanto, é o que cada banco fará daqui até o final do ano que ditará parte do comportamento dos agentes de mercado.
O ciclo de alta se estende há mais de 12 meses ao redor do mundo. Ele foi motivado pela inflação que explodiu e ainda fere o poder de compra dos trabalhadores. O aumento geral nos preços foi causado por motivos bem conhecidos, mas por vezes coincidentemente esquecidos pela imprensa e políticos. Todos esses movimentos abruptos de alta dos juros da maioria das economias mundiais são o corolário das políticas adotadas para reavivar as economias depois das quarentenas impostas pelos governos.
A quebra indiscriminada das cadeias produtivas, a redução dos juros a praticamente zero e a liberação de dinheiro para a população através de auxílios e de crédito subsidiado fizeram com que a inflação disparasse (não existe dinheiro de graça). Nem os países desenvolvidos escaparam deste fenômeno econômico.
Desta maneira, três anos se passaram e ainda sentimos os efeitos das decisões tomadas lá atrás. O Fed parece caminhar para o fim do ciclo de alta de juros, a deterioração da economia dos Estados Unidos e as tensões no setor financeiro fizeram com que o discurso mudasse e hoje o mercado aposta em uma queda da taxa de juros ainda neste ano na economia americana, embora isto seja negado por Jerome Powell. Na Europa, continente mais atrasado na política monetária, a previsão é que se tenha ao menos mais um aumento de juros na próxima reunião.
No Brasil, pela sexta vez seguida o COPOM manteve a Selic em 13,75% ao ano. Por aqui ficou claro que o mercado espera que as taxas comecem a recuar já em setembro. Não apenas por pressão do governo, mas também por uma possível degradação da atividade econômica devido aos juros altos.
A despeito das críticas infundadas de pessoas que nada entendem de economia, acredito que o arroxo monetário foi necessário e deve ser mantido até que a inflação seja de fato controlada ou, usando a linguagem do próprio Banco Central, convirja para o centro da meta, pois não há imposto ou custo pior do que a inflação para o trabalhador.
Seja por dados econômicos mais fracos, perigo de recessão ou pressão de políticos os bancos centrais estão apontando para o fim dos ciclos de altas dos juros. Na busca de maiores rentabilidades isto pode ser o gatilho para a troca de ativos de renda fixa por ativos com maior volatilidade no mercado financeiro. Esperamos, todavia, que a inflação realmente arrefeça e o poder aquisitivo das famílias possa recuperar-se.