Imagem: Cristina Mioranza/Divulgação
Imagem: Cristina Mioranza/Divulgação

A arquitetura sempre foi, antes de tudo, sobre experiência. Nos últimos anos, porém, ela também passou a dialogar com outro universo: o das imagens. A era digital fez com que o olhar do arquiteto considerasse não apenas o uso cotidiano, mas também o potencial fotográfico de cada detalhe.

Hoje, pensar em um ambiente é também pensar em ângulos. Em como a luz incide, em como um quadro se posiciona, em como uma textura se deixa perceber no enquadramento. Não se trata de criar um cenário artificial, mas de entender que o olhar da câmera exige uma leitura menos poluída, mais cuidadosa. Um espaço ‘’instagramável’’ é o resultado de escolhas que permitem que cada canto revele algo interessante sem perder a beleza.

Mas nada disso faz sentido se a beleza não vier acompanhada da função. Na arquitetura, e na visão que carrego ao longo de quase três décadas de profissão, estética e funcionalidade caminham juntas. Um ambiente que fotografa bem, mas não funciona, revela ausência de pensamento arquitetônico. A verdadeira beleza está em fazer com que um móvel ou um layout agreguem valor à experiência de quem vive o espaço, e não apenas a quem o registra.

Transformação Digital na Arquitetura

Essa preocupação com equilíbrio também aparece na forma como o digital transformou a relação entre arquitetos e clientes. Hoje, muitos chegam ao escritório por meio do Instagram, onde o trabalho se torna uma vitrine e, ao mesmo tempo, uma extensão do discurso profissional. Mas, mesmo nesse contexto, sigo acreditando que a arquitetura precisa ser atemporal, feita para durar 10, 20 ou 30 anos, e não apenas enquanto uma trend permanece em alta.

Meus projetos buscam justamente isso. Ambientes que acolham, que tenham alma, que resistam ao tempo e às modas passageiras. Espaços que, quando fotografados, revelem sua beleza, mas que sobretudo, quando vividos, revelem seu propósito.

Experiência Humana

Vivemos um momento em que o espaço real e o virtual se encontram. E cabe à arquitetura garantir que, em ambos, permaneça algo essencial: a experiência humana que se mantém para além de qualquer filtro.