Leonardo Bertelli Piveta
Leonardo Bertelli Piveta

A primeira coisa que as crianças costumam ouvir dos mais velhos quando começam se relacionar com dinheiro é: não gaste tudo, guarde um pouco na poupança. Acontece que a poupança na maioria das vezes quando citada refere-se ao investimento e não apenas ao ato de criar um fundo para necessidades futuras.

Assim, por mais bem intencionado que possa ser o conselho, a poupança é de longe a pior aplicação para guardar o dinheiro ao longo dos anos. Obviamente, não podemos culpar quem nos dá este conselho, pois na maioria das vezes nem ele sabe que essa categoria de investimento é tão ruim.

Os argumentos utilizados para defender a poupança são: (i) é um investimento seguro, (ii) rende pouco mas é garantido e (iii) guardando lá sempre haverá dinheiro contra qualquer intempérie. Concordo, a poupança é o investimento mais seguro, investir nela é certeza que que mais cedo ou mais tarde você ficará pobre.

Os dados históricos mostram que a caderneta de poupança tem perdido para inflação ao longo dos anos, ou seja, quem guarda dinheiro na aplicação mais popular do brasileiro fica mais pobre, dias após dia. No entanto, vemos poucas pessoas preocupadas, porque essa perda acontece através da inflação. Em outras palavras, não existe perda nominal, os 100 reais continuam sempre lá, mas antes compravam 20 dúzias de ovos. Hoje compram 10. Amanhã 5.

O brasileiro torna-se, desta forma, o sapo posto na panela sobre o fogo. A água vai esquentando lentamente, até que o sapo morre cozido. É esse o efeito de longo prazo da inflação sobre as reservas de cada um. Tudo parece bom, o dinheiro está lá, porém quando você mais precisará dele perceberá que o dinheiro não vale mais nada.