Negócios e Mercado

Wine South America abre nesta quarta para movimentar o setor vinícola brasileiro

Feira chega à sua terceira edição reunindo em torno de bons vinhos expositores tradicionais velho mundo até pequenas vinícolas de novos terroirs brasileiros

Foto Vagão Filmes/Divulgação
Foto Vagão Filmes/Divulgação

Uma grande expectativa cerca as horas que faltam para a abertura dos pavilhões da Fundaparque na tarde desta quarta-feira, 21, quando será aberta a terceira edição da Wine South Amercia. Maior feira do setor no Brasil, a feira é organizada pela Milanez e Milenezi, parceira da organizadora da Vinitaly, mais consagrada feira do setor no mundo.

Chegando à sua terceira edição o evento reunirá vinícolas grandes, médias e de pequeno porte, com o apoio do Sebrae. Devem ser realizados negócios com valor superior 20 milhões de reais, cifra alcançada na mais recente edição, em 2019. São empresas de países com larga tradição na elaboração de vinhos como Itália, França e Espanha ou de países vizinhos como Uruguai, Chile e Argentina, de estados brasileiros como Minas Gerais e Santa Catarina a municípios pequenos do Rio Grande do Sul em seu distintos terroirs. Além do Vale dos Vinhedos, única Denominação de Origem para vinhos no Brasil, serão destaque os vinhos da campanha, região que se orgulha da recente conquista de Indicação de Procedência para seus produtos.

A feira, além da degustação e de prospecção de negócios, é ambiente para a aquisição de conhecimento em palestras e na simples troca de conhecimentos. O Espaço Masterclass, que tem a curadoria da Associação Brasileira de Sommeliers/RS é projetada para reunir profissionais do vinho que queiram aprofundar conhecimentos, realizar degustações e travar novas relações no mundo da enologia. “Conteúdo profundo e de qualidade é algo que está no DNA da ABS. Sempre procuramos entregar muito conhecimento e nossa curadoria para o Espaço Masterclass está sendo direcionada a esse objetivo, afirma o presidente da ABS/RS Júlio César Kunz.

CASACORBA APOSTA EM MIX AMPLO

A feira é o momento e o ambiente ideal ara que enólogos, equipes de venda e de marketing das vinícolas testem seus produtos e busquem novos públicos. Cada uma adota uma estratégia e aposta e produtos inovadores.

A Casacorba, por exemplo produz desde vinhos e espumantes a azeite de oliva e numa propriedade de 60 hectares localizada em Nova Roma do Sul (Serra Gaúcha) produz até cana-de-açúcar. Com um alambique, além de 200 mil litros de vinho elaborados nesta safra de 2022 também produz grappa e brandys. Recentemente passou por melhorias para receber visitantes.

Pela terceira vez na WSA a empresa quer se diferenciar exatamente  pelo amplo mix de produtos e este é um de seus desafios maiores, como bem define o enólogo Tiago Bergonzi: – “Precisamos conhecer muitos tipos de produtos para poder entregar, acima de tudo, qualidade e diferenciação. A Casacorba vive um novo momento, com reestruturação física, implementação de novos equipamentos e processos, além de novas áreas de cultivo e novas variedades de uvas. É uma fase desafiadora”, destaca.

AURORA INVESTE NOS PRODUTOS PREMIUM

Já a maior cooperativa vinícola do continente, a Aurora focará sua participação na divulgação dos produtos premium e super premium da marca. A lista inclui os últimos lançamentos, como os rótulos Gioia Merlot D.O. Vale dos Vinhedos 2018 e o Gioia Sur Lie Nature I.P. Pinto Bandeira 2016, além da linha Gran Reserva, com uvas da Campanha Gaúcha, que contempla os varietais Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Tannat.

O ícone da empresa, o Aurora Millésime 2018, e os vinhos e espumantes das séries Indicação de Procedência Pinto Bandeira e Pequenas Partilhas também poderão ser conferidos. A vinícola apresentará ainda o exclusivo vinho Edição Única Viognier 2020 e o Aurora Brandy, que amadureceu durante 12 anos em barricas de carvalho.

Na última década, a Aurora dobrou a elaboração de bebidas de maior valor agregado, reforçando ainda mais a liderança no segmento de vinhos finos brasileiros no país. Atualmente, os rótulos premium e super premium representam cerca de 10% do total de vinhos finos do portfólio da marca, percentual que deverá aumentar nos próximos anos.

A empresa também participará do Projeto Comprador promovido pelo Wines of Brazil, através da parceria entre a Uvibra-Consevitis e a Apex-Brasil.

Vinho “tipo exportação” ao alcance do consumidor local. Foto Eduardo Benini

No primeiro dia serão realizadas rodadas de negócios com 10 importadores do Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Peru, Polônia, Reino Unido e Rússia. Estão agendadas seis reuniões com compradores internacionais na Wine South America.

“Estamos com boas expectativas e otimistas com a abertura de negócios em novos países. É uma característica da Aurora ser flexível e atender aos diversos tipos de demanda. Temos um sortimento de produtos bem grande, tanto de bebidas alcoólicas quanto de suco de uva, com opções de preços que vão dos mais em conta até de valor agregado, além de desenvolvermos produtos com a marca própria do cliente”, pontua a supervisora de Exportação e Importação da Vinícola Aurora, Giorgia Mezacasa Forest.

PESQUISA DA EMBRAPA NA GARRAFA

Outro destaque a ser observado na feira é o resultado prático de pesquisa desenvolvid apela Embrapa e que vem sendo bem aproveitada por pequenas vinícolas. Lançada em 2019, a uva BRS Bibiana acaba de gerar os primeiros vinhos disponíveis no mercado. As bebidas estão sendo comercializadas por três vinícolas familiares da Serra Gaúcha: Casa Zottis, Vinícola Cainelli e Vinícola Buffon. Desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil da Embrapa, a BRS Bibiana apresenta alta produtividade e requer menos tratamentos fitossanitários, gerando mais sustentabilidade ambiental e economia ao produtor. A uva ainda tem excelente potencial enológico e é adaptada às condições do clima subtropical úmido da Serra Gaúcha.

A BRS Bibiana é uma uva branca, resistente às podridões de cacho, especialmente pelo fato de que os cachos são soltos e não compactos. O vinho elaborado apresenta perfil sensorial similar às uvas europeias com nível de açúcar, na maturação, em torno de 21 graus Brix e acidez variando de 100 a 120 miliequivalentes (mEq) por litro.