Com sua licença William Shakespeare, me permita roubar sua reflexão em um momento de conflito interno de sua existência e trazer ela para a minha aldeia, da razão ou paixão, do fato ou interpretação.
No Iluminismo, muitos filósofos e escritores exaltavam a razão como guia para uma vida bem-sucedida. Em Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774), de Goethe, vemos o oposto: o protagonista se entrega completamente à paixão, ignorando qualquer racionalidade, o que o leva a um destino trágico. Essa obra influenciou o Romantismo, mostrando que a emoção descontrolada pode ser destrutiva. Já em Crime e Castigo (1866), de Dostoiévski, o protagonista Raskólnikov tenta justificar racionalmente um assassinato, mas sua consciência e emoções o corroem, evidenciando que a razão sem moralidade também pode ser perigosa.
Por outro lado, a literatura romântica mostra personagens que desafiam normas racionais por amor ou desejo. Em Romeu e Julieta (1597), de Shakespeare, os jovens protagonistas se entregam à paixão sem medir as consequências, resultando em tragédia. Outro exemplo marcante é O Morro dos Ventos Uivantes (1847), de Emily Brontë. Heathcliff e Catherine vivem um amor intenso e destrutivo, dominado pela paixão e pela vingança, sem espaço para a razão.
Os esportes americanos adotaram a tecnologia na arbitragem de forma muito mais estruturada e eficiente do que o futebol brasileiro (e mundial, em muitos casos). Isso se deve a alguns fatores fundamentais na nossa construção cultural, de como a sociedade foi sendo moldada em seus valores e princípios.
Diferentemente daqui, nos Estados Unidos, de um modo geral, há uma cultura forte de respeito de regras e de aceitação da tecnologia como um meio de garantir decisões justas. As Ligas que organizam o espetáculo, o público que confia no espetáculo e os próprios atletas entendem este contexto e dão o exemplo dentro do campo, da quadra, do ringue, pois a revisão de ações esportivas por uma tecnologia, o tal pedido de desafio ou quando um tenista levanta a raquete e caminha em direção a linha para verificar se a bola foi dentro ou fora, não é uma “interferência”, ainda no caso do tenista é um ato do próprio atleta, e que a tecnologia depois no mesmo segundo chancela, e sim é uma ferramenta, a tecnologia está aí no esporte, batendo a porta para levar lisura ao processo, credibilidade que por consequência gera negócio, engajamento!
A Cultura do Futebol Brasileiro e a Tecnologia
E aqui acontece exatamente igual, certo? Bolinho de “jogadô” no árbitro, desfile de elogios à arbitragem vindo das arquibancadas, quebradeira da cabine do VAR quando acaba um jogo, atleta dando “bicuda” na cabine quando passa para o vestiário etc.! Impulsionado pela imprensa esportiva que potencializa e acirra tais comportamentos. Desde as categorias de base, já nas competições SUB-11, SUB-13, não pense que há uma confraternização de pais tomando chimarrão e conversando sobre seus filhos que estão disputando apenas uma partida de futebol! Não, não é.
Será que estamos preparados para este momento? Tenho minhas dúvidas, embora alguns esportes de forma geral já estejam maduro neste processo, se o futebol de fato, um dia será palco de um espetáculo maduro de tecnologia, de conseguir levar novas experiências para quem está no estádio. Até me permita avançar mais um pouco, de forma negativa aqui em meus devaneios, que tal experiência de imersão de tecnologia para decisões esportivas, que experimentamos e olhamos numa NBA, NFL, MLB, em um Roland Garros, não será possível vê-la acontecendo no Brasil a curto, médio e longo prazo – para não dizer jamais!
A tecnologia é habilitadora de negócio, de experiência, é meio, é ponte, é o como, e tem por razão filosófica existir, de ser invisível. Não é o robô que faz a cirurgia remota, ele é uma ferramenta poderosa de ação remota, que salva mais vidas por hora, porque o médico aumentou seu número de cirurgias por dia em inúmeros hospitais, não é o seu aplicativo favorito que tem o seu fim em si próprio, mas é aonde ele te leva, como ele te leva, como ele te salva, como ele te mata, como ele pode te aproximar dos distantes e te afastar dos próximos, não é a cabine do VAR, não é a cabine de acrílico, não é o monitor com cabo VGA ou HDMI que vai fazer “ver ou desver” o que está ali. A arbitragem brasileira no futebol continuará sendo refém, da interpretação, do fato, da tecnologia, da ausência dela, da pressão, da imprensa, dos clubes!
Reflexões sobre Tecnologia e a Sociedade
Oppenheimer acreditava na paz, ao descobrir em suas mãos o potencial de uma bomba atômica, mas… Durante a Guerra Fria, após a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1965, Thomas Merrill e Lawrence G. Roberts inovaram com a primeira, WAN – Wide Area Network e por volta de 1990, Tim Berners-Lee, evoluiu para um World Wide Web (WWW), produto este que hoje faz você ler esta coluna pela internet de qualquer lugar do mundo, mas que também… Tem a I.A ainda! Mas acredito não estarmos prontos para alguma reflexões deste cunho, mas…
Não, não é a tecnologia! Não é! Somos eu e você!