Empresa chinesa fecha acordo com a Telebras, promete aquecer o mercado de internet ultra rápida no Brasil e deve ser uma pedra no sapato da Starlink

Empresa chinesa fecha acordo com a Telebras, promete aquecer o mercado de internet ultra rápida no Brasil e deve ser uma pedra no sapato da Starlink

A corrida pela internet do futuro acaba de ganhar uma nova protagonista. A SpaceSail, empresa chinesa sediada em Xangai, quer redefinir o modo como o mundo — e especialmente o Brasil — se conecta. Com apoio estatal e bilhões de yuans em caixa, o projeto promete internet via satélite de alta velocidade com preço mais acessível que o da Starlink.

O nascimento da constelação SpaceSail

Em fevereiro de 2024, a SpaceSail recebeu 6,7 bilhões de yuans (cerca de R$ 4,8 bilhões) em uma rodada de investimento liderada por fundos do governo chinês. O dinheiro será usado para construir centros de controle, antenas terrestres e para colocar em órbita 648 satélites até 2025, como parte da constelação Qianfan. A meta é chegar a 15 mil satélites até 2030, cobrindo mais de 30 países.

A primeira leva de 18 satélites já foi lançada com sucesso, e cada nova etapa amplia a capacidade de cobertura. A SpaceSail quer se tornar o “braço espacial” da conectividade global, levando banda larga até locais que a fibra óptica não alcança.

Brasil no centro da estratégia chinesa

O Brasil foi um dos primeiros países fora da Ásia a fechar um acordo de cooperação com a SpaceSail. O contrato com a Telebras, estatal de telecomunicações, prevê o uso da tecnologia chinesa para atender regiões sem infraestrutura terrestre.

Segundo analistas, o país é visto como o ponto de entrada da SpaceSail na América do Sul, devido à sua dimensão continental e à grande demanda por conectividade rural. Essa parceria pode transformar o Brasil em um hub de operações no hemisfério sul, fortalecendo a presença chinesa no mercado de internet orbital.

A Starlink, de Elon Musk, ainda lidera o setor, mas enfrenta críticas pelo alto custo e pelas falhas em áreas tropicais. A SpaceSail quer preencher essas lacunas com planos até 30% mais baratos, antenas mais leves e produção totalmente nacionalizada — o que garante menor dependência de fornecedores externos.

O modelo chinês prioriza escala e custo, dois fatores que podem ser decisivos em países emergentes. Se conseguir entregar estabilidade e velocidade, a SpaceSail pode conquistar rapidamente uma fatia relevante do mercado.

Conectividade e disputa de poder

Por trás dos satélites e promessas de Wi-Fi rápido existe também uma disputa de poder global. A corrida entre Estados Unidos e China pela supremacia digital e espacial está apenas começando — e o Brasil agora faz parte desse enredo.

Para os brasileiros, essa disputa pode ser vantajosa: mais concorrência significa mais acesso, preços menores e expansão da cobertura. Se a SpaceSail cumprir o que promete, não será apenas uma “pedra no sapato” da Starlink — será o início de uma nova era para a internet no país.