ALERTA

Fim da gripe aviária não encerra problema e setor de frango amarga perdas no RS

Municípios como Nova Bréscia, Westfália e Alto Feliz vivem praticamente da criação de aves — mais de 40% da riqueza agropecuária dessas cidades vem da avicultura

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

Um foco de gripe aviária (H5N1) confirmado em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em maio de 2025, acendeu o alerta máximo em um dos setores mais importantes da economia gaúcha: a avicultura. O impacto foi imediato. China, União Europeia, Coreia do Sul, Iraque e Kuwait suspenderam completamente a compra de carne de frango do Brasil. Outros países, como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes, aplicaram restrições regionais, atingindo diretamente a produção gaúcha.

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador nacional de carne de frango e destinou mais da metade da sua produção ao mercado externo em 2024. As exportações renderam US$ 1,3 bilhão no ano passado, o que equivale a 5,8% de tudo que o estado vendeu para fora do país. Municípios como Nova Bréscia, Westfália e Alto Feliz vivem praticamente da criação de aves — mais de 40% da riqueza agropecuária dessas cidades vem da avicultura.

Agora, com o vírus detectado pela primeira vez em uma granja comercial (antes, os casos estavam apenas em aves silvestres), o Brasil perdeu seu status de livre de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade — e com isso vieram as barreiras comerciais.

Segundo análise publicada nesta segunda-feira (23) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), ligado ao governo do estado, os preços no mercado interno já estão sentindo o baque. O frango congelado em São Paulo caiu de R$ 8,65 para R$ 7,38 o quilo em menos de 10 dias, puxado pelo aumento da oferta no mercado interno — já que parte do que iria para fora está ficando por aqui.

O estudo alerta para interrupção de contratos internacionais, aumento nos custos logísticos, prejuízos para municípios dependentes da avicultura e riscos de desemprego no campo.

O que dizem os especialistas

“O surto exige resposta rápida, coordenação entre governo, setor produtivo e diplomacia. Cada dia conta para reconquistar a confiança dos mercados”, afirma Sérgio Leusin Jr., um dos autores da nota técnica.

Não é o primeiro problema

Vale lembrar que a China já tinha suspendido as importações de frango do RS em julho de 2024, por causa de um foco de Doença de Newcastle. Ou seja, o setor avícola gaúcho enfrenta seu segundo grande golpe em menos de um ano.

O que está em jogo

  • US$ 1,3 bilhão em exportações de frango do RS em 2024
  • Mais de 50% da produção gaúcha depende do mercado externo
  • Cidades inteiras vivem da avicultura e agora podem ver sua economia ameaçada
  • Preços caindo no mercado interno por excesso de oferta

O que vem pela frente

A retomada das exportações vai depender da eficiência das ações de controle sanitário e da habilidade diplomática do Brasil. O setor agora corre contra o tempo para provar que está pronto para voltar a exportar com segurança.