Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) identificaram alterações significativas no solo de regiões afetadas pelas enchentes de maio de 2024 na Serra Gaúcha. Em municípios como Pinto Bandeira, Bento Gonçalves e Veranópolis, as análises revelaram aumento da acidez e perda de matéria orgânica, fatores que impactam diretamente a agricultura.
Transformação dos solos e desafios agrícolas
As análises indicaram a existência de um novo tipo de solo nas áreas atingidas pelos deslizamentos. Esse solo mistura características de áreas nativas e cultivadas, tornando-se imprevisível para o plantio.
“É como se a análise mostrasse uma doença nova, sem um padrão de tratamento”, explica Allan Kokkonen, doutorando da UFSM.
Apesar da perda de matéria orgânica, essencial para a retenção de água e fornecimento de nutrientes, os solos não apresentaram uma queda significativa na fertilidade. A aplicação de calcário já permitiu a recuperação de algumas áreas.
Impacto financeiro e produtivo
Os deslizamentos afetaram diretamente a fruticultura, uma das principais atividades da região. Rubiane Rubo, engenheira agrônoma e produtora de frutas em Pinto Bandeira, relata que os estragos comprometeram os tratamentos de inverno e reduziram a qualidade da floração. Segundo a Farsul, os prejuízos na agricultura gaúcha chegam a R$ 467 milhões.
Análise de solo como ferramenta de recuperação
Para auxiliar na recuperação agrícola, um projeto da UFSM realiza análises de solo em áreas afetadas. A técnica permite avaliar a fertilidade e definir estratégias de adubação e manejo. As coletas foram realizadas em dez propriedades atingidas por deslizamentos, com apoio da Cooperativa Vinícola Aurora. Os próximos passos incluem a devolutiva dos resultados aos produtores e a elaboração de materiais educativos.
Com essas iniciativas, a esperança é minimizar os impactos das enchentes e contribuir para a recuperação das lavouras na Serra Gaúcha.