ESPUMANTES

Garibaldi cria associação de produtores para fortalecer espumante local

Com apoio de dez vinícolas, entidade busca organizar o setor e conquistar a Indicação Geográfica para o espumante da cidade

Garibaldi cria associação de produtores para fortalecer espumante local
Fotos: Cesar Silvestro

Garibaldi, reconhecida como a Capital Brasileira do Espumante, deu neste domingo (29) um novo passo para fortalecer sua identidade vitivinícola. Durante assembleia realizada na histórica Vinícola Peterlongo — onde foi elaborado o primeiro espumante do país em 1913 — foi fundada oficialmente a Associação de Produtores de Espumantes de Garibaldi (APEG).

A criação da entidade foi marcada simbolicamente para o Dia de São Pedro, padroeiro do município. A nova associação nasce com o objetivo de promover a excelência dos espumantes locais, articular ações conjuntas do setor e buscar o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Os números do setor dão respaldo à iniciativa. Entre as 6.710 premiações recebidas por rótulos brasileiros em concursos internacionais, 1.162 foram conquistadas por espumantes de Garibaldi. No Concurso do Espumante Brasileiro, promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), 386 das 2.359 medalhas já concedidas foram para rótulos da cidade. Atualmente, mais de 40 vinícolas — muitas delas pequenas e familiares — produzem cerca de 12 milhões de garrafas por ano.

O movimento que resultou na APEG começou ainda em dezembro de 2023, com reuniões entre os produtores locais. Apesar das adversidades causadas pelas fortes chuvas no primeiro semestre de 2024, o grupo retomou os encontros após a safra, determinado a consolidar o projeto.

A diretoria da APEG será presidida por Ricardo Morari e conta com Guilherme Pedrucci (vice), Talita Nicolini Verzeletti, Márcio Dallé, Adalberto Bortolini e Jones Valduga. A sede da associação funcionará no Apeme Collab, no centro da cidade.

Márcio Dallé, Guilherme Pedrucci, Ricardo Morari, Talita Nicolini Verzeletti, Adalberto Bortolini e Jones Valduga.

As vinícolas fundadoras são: Casa Pedrucci, Chandon, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Courmayeur, Peterlongo, Foppa & Ambrosi, Ponto Nero, Vinícola Carlesso, Vinícola São Luiz e Vinícola Vaccaro.

A APEG não tem fins lucrativos e atuará na promoção do enoturismo, apoio à pesquisa vitivinícola, valorização cultural do espumante local e defesa dos interesses do setor. A entidade marca uma nova etapa na trajetória centenária de Garibaldi com a bebida que se tornou símbolo de sua história e identidade.

Origem e legado dos espumantes em Garibaldi

A tradição vitivinícola de Garibaldi remonta à chegada dos imigrantes italianos no início do século XX. O primeiro espumante nacional foi produzido na cidade em 1913 pela Vinícola Peterlongo, pelo método tradicional. Já o método Charmat chegou com a francesa Georges Aubert no final da década de 1940.

Entre as décadas de 1960 e 1980, Garibaldi recebeu investimentos de grandes grupos internacionais, como Martini & Rossi, Maison Chandon, Maison Forestier, Cinzano, Almadén e Heublein, que trouxeram equipamentos, tecnologia e reconhecimento à produção local.

Em 1979, foi realizado o primeiro Festival Colonial Italiano, que deu origem à Fenachamp, a atual Festa Nacional do Espumante Brasileiro, celebrando a qualidade e a herança vitivinícola da cidade — agora reforçada com a fundação da APEG.