SETOR MOVELEIRO

Economista aponta desafios e perspectivas para o setor moveleiro durante congresso em Bento Gonçalves

Projeção de queda nas vendas, juros altos e falta de mão de obra qualificada estão entre os principais entraves apontados

Foto: Divulgação
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O 33º Congresso da Movergs teve início na manhã desta terça-feira (14), em Bento Gonçalves, reunindo lideranças e empresários do setor moveleiro para debater o cenário econômico e as perspectivas da indústria. A programação abriu com a palestra do economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Giovani Baggio, que apresentou uma análise detalhada sobre o desempenho recente da economia brasileira e os impactos esperados para 2025.

Segundo Baggio, o setor moveleiro registrou vendas totais de R$ 14,5 bilhões, mas enfrenta agora uma projeção de queda de 6,3% em 2025. O economista destacou que o consumo das famílias tem sido o principal motor da economia, embora com “prazo de validade”. Programas habitacionais, segundo ele, podem oferecer algum fôlego ao setor, mas o baixo nível de investimento, atualmente em 17% do PIB — quando o ideal seria de 25% —, limita o potencial de crescimento.

Baggio apontou que o governo “gastador pelo lado fiscal” acabou ancorando suas ações na taxa de juros, o que ajudou a conter a inflação, mas mantém o crédito caro.

“Essa taxa de 15%, infelizmente, faz sentido no contexto atual”, afirmou.

O economista também destacou que o PIB brasileiro vem crescendo desde a pandemia, impulsionado por reformas macroeconômicas e melhora na produtividade após a crise do governo Dilma. Entretanto, observou que há sinais de desaceleração desde o terceiro trimestre de 2024, à medida que os juros elevados começam a impactar a atividade econômica.

Apesar disso, há fatores positivos. A renda das famílias tem apresentado crescimento recorde nos últimos meses, e o mercado de trabalho permanece aquecido, o que deve impedir uma desaceleração mais intensa em 2025.

O crescimento econômico, porém, deve ser desigual entre as regiões do país. A previsão para o Brasil é de alta de 2,2%, enquanto o Rio Grande do Sul deve crescer apenas 0,3%. O Centro-Oeste, impulsionado pela produção de grãos, deve puxar o resultado nacional, com destaque para o Mato Grosso, projetado para crescer 6,3%.

Impactos no Rio Grande do Sul e Perspectivas Futuras

No caso gaúcho, Baggio lembrou que o estado foi fortemente prejudicado por condições climáticas adversas, enfrentando quatro estiagens consecutivas, o que resultou em endividamento agrícola e queda na produção. A previsão de retorno do fenômeno La Niña em 2026 preocupa, já que pode agravar ainda mais o cenário.

Mesmo diante das dificuldades, a indústria gaúcha manteve estabilidade em 2025, registrando pequena queda no faturamento, mas crescimento no número de empregos, levando o desemprego à mínima de 4,3%. No entanto, o setor enfrenta agora um novo desafio: a falta de trabalhadores qualificados.

Por fim, o economista destacou o clima de alta desconfiança entre os empresários industriais, intensificado pelo chamado “tarifaço”, que alcança cerca de 43%.
Em setembro as exportações de móveis caíram 60% em relação à setembro de 2024, resultado terrível.

Ainda assim, Baggio demonstrou otimismo, afirmando que o diálogo entre os presidentes das entidades e o governo pode contribuir para a melhora do ambiente de negócios nos próximos meses.

O Congresso da Movergs segue com uma série de palestras e painéis voltados ao futuro da indústria moveleira, inovação, sustentabilidade e competitividade no mercado nacional e internacional.