O PT não vai apoiar formalmente nenhuma candidatura no segundo turno das eleições para prefeito em Caxias do Sul. A definição oficial ocorreu em um encontro realizado na noite desta quinta-feira, dia 6, na sede do Partido dos Trabalhadores em Caxias.
Em nota divulgada à imprensa, o PT esclarece que, apesar da orientação da Direção Nacional do partido de apoiar candidaturas do PSOL, do PCdoB, da Rede e do PDT em locais onde há segundo turno, os diretórios municipais têm autonomia para avaliar localmente a situação. “Nespolo é do PDT, mas as opções políticas deste partido em Caxias e o fato de dirigirem a administração municipal nos levam a negar-lhes nosso apoio e nosso voto”, enfatiza o documento.
Quanto ao candidato Daniel Guerra (PRB), a nota deixa claro que o PT tem divergências quanto ao programa de governo de Guerra, mas que “compreende” os eleitores que votarão em Guerra para promover um troca no comando da prefeitura caxiense. “Defendemos a necessidade de mudar a administração municipal, mas não daremos apoio formal à candidatura de Daniel Guerra. Compreendemos as manifestações de eleitores que votaram na nossa candidatura no primeiro turno e agora votarão em Daniel Guerra para impedir a vitória do continuísmo”.
A nota ainda faz apontamentos em relação ao posicionamento do PDT de Caxias do Sul e do PRB em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e à onda de anti-petismo que se instaurou no país. O PT ainda garante que, além de não negociar apoio na candidatura, a sigla também não aceitará nenhum convite para eventuais composições de governo.
Confira a nota do PT na íntegra
Enfrentamos a eleição mais difícil da nossa história, em função da ofensiva nacional contra o PT,
patrocinada pelas classes dominantes, em especial pela mídia oligopolizada, criminalizando
somente e todo o PT pela corrupção. Além disso, apesar de fora do governo desde maio, culpam
o PT pela crise econômica, que se aprofunda pelo ajuste neoliberal do governo Temer. Tais fatos
reduziram a votação do PT em todo o país.
Mesmo com a brutal ofensiva anti-petista chegamos a 25,27% dos votos. Agradecemos aos
eleitores que confiaram em nossos candidatos à prefeitura e à câmara de vereadores.
Agradecemos às pessoas que apoiaram nossas atividades de campanha eleitoral, que contaram
exclusivamente com militantes voluntários. Agradecemos aos que contribuíram financeiramente
para a campanha.
Embora as visíveis diferenças entre os modestos gastos da nossa campanha, quando
comparados à cara estrutura da coligação governista, julgamos positiva a nova lei eleitoral, que
vedou o financiamento empresarial e os instrumentos de propaganda eleitoral mais dispendiosos,
dificultando o abuso do poder econômico, embora não eliminando-o totalmente.
O fato de não dirigirmos a prefeitura nos últimos anos nunca nos impediu de trabalhar em favor do
povo da nossa cidade. Através dos nossos mandatos no legislativo municipal, estadual e federal
sempre defendemos os interesses da nossa população, em especial dos que mais precisam de
políticas públicas.
Nossa atuação no governo federal garantiu importantes obras no município,
permitiu o sonho da casa própria para milhares de pessoas através do minha casa minha vida, o
acesso à universidade por meio do Prouni e do FIES para milhares de jovens, a garantia de renda
para milhares de famílias pobres graças ao Bolsa Família e financiamentos subsidiados para a
indústria e a agricultura gerando renda e empregos na cidade. Reafirmamos nosso compromisso
em trabalhar em favor do povo da nossa cidade através dos nossos mandatos no legislativo
municipal, estadual e federal.
A Resolução da Direção Nacional do PT orienta nossa militância a apoiar as candidaturas do
PSOL, do PCdoB, da Rede e do PDT, onde há segundo turno. Mas sugere aos diretórios
municipais que avaliem localmente a quem devemos negar apoio e voto.
Neste sentido, nossa primeira afirmação é que nenhum dos dois projetos políticos que foram ao
segundo turno são de nossa responsabilidade e não representam nossas posições.
Nespolo é do PDT, mas as opções políticas deste partido em Caxias e o fato de dirigirem a
administração municipal nos levam a negar-lhes nosso apoio e nosso voto.
Os eleitores de Caxias do Sul, no primeiro turno, votaram majoritariamente contra a atual
administração municipal, um conluio de 21 partidos que inchou a máquina pública com CCs, para
cooptar siglas partidárias que lhes dessem maior tempo na propaganda eleitoral em rádio e TV,
visando sua perpetuação no poder.
As oposições somaram 56,4% dos votos válidos contra 43,5% da situação. Considerando votos
brancos, nulos e abstenções, Nespolo foi rejeitado por 65,3% dos eleitores.
Esta aspiração por mudança é legítima, pois o retrocesso nos serviços de saúde, a falta de vagas
na educação infantil, a burocracia no acesso a serviços públicos, o abandono dos loteamentos e
bairros mais pobres, a ausência de efetiva participação popular, entre outras mazelas, compõe a
triste realidade depois de 12 anos de continuidade do atual grupo político à frente da prefeitura.
Esta realidade também é fruto do governo Sartori, que não tem resposta para o caos da
segurança e demais serviços públicos, além de não pagar os salários do funcionalismo. A
coligação de Nespolo representa não só o governo Sartori, mas também as principais forças que
dão sustentação ao ilegítimo governo Temer e sua agenda de ataque aos direitos dos
trabalhadores. A direção do PDT de Caxias e o próprio Nespolo apoiaram o golpe que levou
Temer ao poder sem o voto popular.
A campanha de Nespolo adquiriu contornos fascistas ao propor que os eleitores votassem pelo fim
do PT, criminalizando somente e todos os petistas pela corrupção. Uma hipocrisia, vinda de um
bloco de partidos que tem o maior número de investigados ou condenados pela operação lava
jato, inclusive Eduardo Cunha, do PMDB, sigla do seu candidato a vice-prefeito. E o PDT,
recentemente, teve o deputado Bassegio cassado pela Assembléia Legislativa por amealhar
parcela dos salários dos seus assessores.
Apesar das nossas divergências com a candidatura de Daniel Guerra, reconhecemos sua
candidatura como de oposição ao atual governo municipal. Seu partido também apoiou o golpe e
consideramos um grave equívoco sua pregação contra os partidos e contra a política. Ele se
beneficiou da pregação antipetista de parte da mídia e da campanha de Nespolo, recebendo votos
de eleitores que, assim como nós, desejavam mudança na prefeitura.
Não negociaremos nosso apoio nem aceitaremos convite para composições de governo.
Defendemos a necessidade de mudar a administração municipal, mas não daremos apoio formal
à candidatura de Daniel Guerra. Compreendemos as manifestações de eleitores que votaram na
nossa candidatura no primeiro turno e agora votarão em Daniel Guerra para impedir a vitória do
continuísmo.
Desde já afirmamos que fiscalizaremos os atos da futura administração de Caxias do Sul e
cobraremos o atendimento das justas demandas da população, além da defesa que faremos dos
direitos dos trabalhadores frente aos ataques dos governos Temer e Sartori.