Lei é lei e se está redigida de uma forma a beneficiar o infrator é porque os legisladores foram levados a concebê-la de forma a beneficiar infratores ocasionais ou ainda a evitar injustiças com a prisão desnecessária de um eventual inocente. Por isso fica difícil entender que um rapaz que atropelou 16 pessoas em São Paulo matando um menino de três anos se apresente à polícia e seja liberado, mesmo depois de ter fugido e de se ter encontrado álcool e drogas no carro.
Agora vejam que ontem o ministério público de bento Gonçalves apresentou seu relatório e conclusões da perícia sobre o rumoroso e fatídico caso da Fiorino, no qual dois jovens perderam a vida. Eles foram baleados no baú da Fiorino sem chances para defesa. Dois policiais militares serão julgados pelas mortes. Mas pra mim o mais importante é que de fato se chegou à conclusão que o motorista da Fiorino não apenas fugiu, desobedeceu e resistiu a parar numa blitz quando recebeu esta ordem da autoridade policial. Ele também atirou contra os policiais motivando a reação forte dos homens da lei. Foi, sem a menor dúvida o estopim para que duas mortes ocorressem. Somando-se as três penas a que pode ser condenado, pegaria 10 anos e sete meses de prisão. Já os policiais podem pegar até 26 anos somando-se as penas máximas por homicídio e tentativa de homicídio.
Não gosto da lei do bangue-bangue atirar primeiro e perguntar depois nem de uma polícia truculenta. Mas penso que as circunstâncias em que tudo o correu levarão a uma pena mais branda dos policiais. Não me sai da cabeça que eles pensaram estar enfrentando bandidos e não jovens inconsequentes voltando de uma festa.
Mudando de assunto: na segunda-feira a Ascon Vinhedos fará a apresentação do Censo do Mobiliário mostrando a situação da construção civil em Bento no último ano. Não me surpreenderei se os dados demonstrarem um saldo positivo. Mas é de esperar que tenha decrescido em muito o ritmo. O censo não conta as construções individuais, ou seja, casas com menos de 500 metros quadrados.
Mas Bento Gonçalves mereceria um estudo de case, porque, por mais retração que a economia apresente há certos nichos ou camadas sociais que não sentem crise e continuam direcionando seus investimentos ou sobras de caixa para o setor da construção civil. Isto é bom ou ruim? Para o setor obviamente que não, mas é estranho. Assalariados com duas fontes de renda sentem o leão do IR cada vez mais pesado sobre suas costas. Quem investe milhões em carros de luxo e constroem sem se importar se o imóvel ficará fechado por mais de ano já que o mercado está recessivo, parecem não se importar com a sanha por impostos do governo. Desculpem o desabafo, mas a ignorância é assim, a gente não entende certas coisas e se revolta exatamente por não compreendê-las.