Memória LEOUVE

Até breve

Até breve

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Sempre que alguém emite uma opinião está colocando um tanto de sua vivência e de seus sentimentos, mas, na mídia, o normal é que se tente o máximo afastar do eu e pensar no coletivo ou em temas que interessem ao todo e não ao pessoal.
Pois hoje quero de distanciar do todo e aproximar do íntimo. Este é o último comentário que faço neste espaço. A partir da próxima semana estarei em novo endereço profissional e não posso partir sem deixar um abraço grande a quem me acolheu e quem me acompanhou nestes comentários diários. Foram dois anos e meio completados ainda ontem que me propiciaram novas descobertas, novas amizades e experiências. Por mais que se tente imaginar que é só mais um passo numa vida que sempre se apresenta cheia de mudanças de rumos quando nem se esperava, imaginar que não se cumprimentará as mesmas pessoas no caminho, que não se encontrará os mesmos colegas que se tornam amigos, causa uma certa aflição a antecipação de uma nostalgia.
José Saramago tem um texto muito premiado, é o Conto da Ilha Desconhecida. Fala do sonho de um homem e, porque não? do sonho dos homens de se lançarem ao mar para encontrar uma ilha desconhecida, mesmo que se saiba já não existirem ilhas desconhecidas. Trata-se de uma parábola do homem em busca de um sonho, de descobrir novas paragens e vivências e mais do que isto, descobrir-se a si próprio.


Estive neste porto seguro chamado Grupo RS Com por 30 meses. Desvendei novos caminhos, aprendi e ensinei, me desincumbi de pequenas e grandes tarefas. Alguns exemplos: Comentei jogos do Esportivo na série B ( perdão aos bons entendedores do futebol). Coordenei 13 debates eleitorais nas eleições municipais de 2012 em 12 municípios de cobertura das rádios Viva.


Neste tempo fui editor de conteúdo e gerente de rádio. Tudo pela confiança do Carlos Piccoli e seu filhos, a quem sempre serei agradecido.


O desafio diário do programa Sem Nome certamente também foi estimulante e me proporcionou angariar ou aprofundar amizades.


Esta é minha segunda passagem pelo meio rádio. A primeira foi enquanto ainda cursava a faculdade lá nos anos 80. Era operador e mesmo trabalhando aos finais de semana, me aproveitava do fato da jornada ser de apenas seis horas, de forma que sobrava basante tempo para estudos e leituras. Depois de formado os rumos sopraram para o lado do jornal e o texto escrito foi a minha nau. Aquele gostinho de quero mais ficou guardado comigo e agora fui à forra. Falei, discuti, ri e até errei, ao vivo ou gravado. No primeiro turno desta eleição fiquei junto com o colega Régis Carvalho, dez horas ininterruptas recebendo convidados e tergiversando sobre política. Bom demais.


Vivenciei de dentro o frenesi criado pela assinatura da licença para migração das rádios Am para o FM, pela Presidente Dilma Roussef em novembro de 2013. Sem dúvida um salto que significará a sobrevivência desta mídia que é a mais democrática, entre os meios de comunicação social. Ou seja, as rádios ainda tem um belo percurso pela frente.


Sairei levando amigos, experiência, admiração pelo trabalho que não descansa nem aos finais de semana nem nas festas de fim de ano. Ou em outros feriados.
Deixo também minha gratidão aos colegas de Bento, Flores da Cunha, Caxias, Farroupilha e Montenegro e até lá da Itália. Aos ouvintes e leitores do Portal Leouvê garanto que não me perderão de vista, sempre com os assuntos da cidade ou aqueles que nos afligem por termos algo em comum: sermos brasileiros e aqui vivermos.


E termino citando a última frase do Conto de Saramago:
A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma.