Memória LEOUVE

A segurança assassinada

A segurança assassinada

Se é mesmo verdade que todos os anjos choram a morte das mães, então, todos os anjos, arcanjos e serafins choram a morte trágica de Cristine Fonseca Fagundes, de 44 anos, assassinada ontem de forma brutal na frente da filha de 17 anos enquanto buscava o filho na escola.

 

Eram seis horas da tarde em um bairro nobre na capital gaúcha quando a brutalidade aconteceu. A morte de Cristine chocou o povo gaúcho e provocou uma reação sem precedentes até hoje, com protestos em frente a casa do governador José Ivo Sartori.

 

Mas, infelizmente, a morte de Cristine é apenas mais uma entre tantas mortes que a gente já está se acostumando a conviver dia após dia no Rio Grande do Sul. Hoje, nós somos o estado mais violento do sul do país, e não é por acaso que também o número de latrocínios cresce assustadoramente.

 

A morte de Cristine matou um pouco a todos nós gaúchos ontem, e matou também o que restava de nossa sensação de segurança. A morte de Cristine foi causada por jovens armados, foi causada por bandidos que precisam ser tratados como bandidos.

 

Mas essa conta precisa ser cobrada também do governo de José Ivo Sartori, um governo que há quase dois anos nos mantém reféns da bandidagem, um governo que há quase dois anos quase nada fez pra devolver a sensação de segurança aos gaúchos.

 

Ao contrário, ampliou esse estado, cortando horas extras, não convocando novos policiais para as ruas, afirmando com todas as letras que precisava cortar investimentos em áreas como a segurança, a educação e a saúde.

 

A verdade é que há uma opção do governo Sartori, e essa opção não é pelas pessoas.

 

Não é mais possível aceitar a banalização da violência nas cidades gaúchas. Não é mais possível aceitar que o governador siga dando desculpas e correndo atrás dos estragos depois que eles já estão feitos.

 

De que adianta montar um gabinete de crise se nós não temos mais policiais nas ruas, se não temos uma política de segurança pública?

 

De que adianta chamar agora a força nacional pra cuidas das áreas externas dos presídios se cada dia mais policiais deixam a ativa?

 

De que adianta criar fatos de gabinete enquanto nós, gaúchos, continuamos morrendo todos os dias nas ruas das nossas cidades?

 

Há pouco mais de 10 dias, eu usei este mesmo espaço pra falar aqui do que chamei de obscenidade da insegurança. Há pouco mais de 10 dias, nós falamos aqui do aumento do número de mortes violentas no estado.

 

 

Hoje, que adjetivo eu posso usar?