Memória LEOUVE

A política e os ídolos caídos

A política e os ídolos caídos

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Certa vez um político que à época ocupava cargo de destaque, mas que já está retirado da vida pública já se vão anos, me fez uma pergunta aparentemente simples e depois me deu uma resposta que com toda a certeza era e é até hoje simplória, mas que ainda povoa a mente da maioria dos políticos carreiristas e de toda a sorte de gente que quer entrar para esta vida.


Gerson, indagou? O que é a política, o que são os partidos? E respondeu mais ou menos assim: os partidos são um grupo de pessoas, amigos, que se ajudam, um dia tu está no poder e favorece um, no outro dia tu tá fora e aquele um te põe num cargo.


Claro que esta realmente é uma faceta deste intrincado jogo da política e da democracia. Mas alógica do homem é uma grave redução do papel e da importância dos políticos e da vida partidária na vida de um povo.


Mas se esta é uma compreensão de alguém que conquistou um cargo eletivo, imagine-se quem tem a missão de “apenas” votar. Troca o seu voto por qualquer mil réis mesmo, porque pensa que afinal um voto não vai mudar o destino do pleito.


Pois é neste vácuo de compreensão da importância da eleição e da democracia em si que alguns famosos, quase famosos ou ex-famosos buscam se eleger. Entre eles se destacam ex-participantes de reality shows, jogadores de futebol, personagens de novela (é o cara concorre com o nome do personagem incorporado ao do seu nome de batismo (Cigano Ígor).


O ex-goleador Jardel, por exemplo deu entrevista no final de semana demonstrando claramente não ter a menor ideia do que seja a função para a qual concorre que é a de ser deputado estadual. Está pensando em recolher dividendos de sua antiga idolatria pra resolver o seu problema de não ter o que fazer.


Mas não precisamos recorrer a ídolos caídos para constatar que os partidos e, possivelmente, a legislação, que ao garantir direito amplo a quem queira concorrer, acabam propiciando o rebaixamento do nível de seriedade do pleito.


Basta ficar cinco minutos em frente a TV para que se veja uma infinidade de caricaturas desfilando bobagens de forma intercalada com quem de fato está disposto a ajudar.


Quem sabe na propaganda e na corrida eleitoral não se devesse fazer como nas maratonas internacionais: primeiro o pelotão de elite, aqueles que realmente estão em condições de disputar a prova e estabelecer bons tempos e quem sabe algum recorde. Depois os demais, que estão ali apenas para aparecer na TV ou preencher seu currículo. È de alguma forma a vida já faz isto. A diferença é que na maratona, nunca um amador vai ganhar algo relevante. Na política nunca se sabe. Está aí o Tiririca para provar.