A morte da menina Ana Clara Benin Adami completa um ano neste sábado. Ana Clara foi atacada no dia 16 de julho de 2015, na Rua Marcos Moreschi, no bairro Pio X, quando seguia com uma amiga para a catequese na Igreja do bairro.
As duas amigas foram atacadas por um homem em uma tentativa de assalto. Durante a ação, ele desferiu um tiro que acertou Ana Clara na barriga. Horas mais tarde a menina morreu no Hospital Geral.
O caso, em um primeiro momento, foi considerado pela polícia como uma tentativa de homicídio, baseando-se no depoimento da amiga de Ana Clara. Conforme a menina, o autor do crime teria passado pelas duas e atirado pela frente. Alguns dias depois, a menina mudou a versão e disse que não tinha visto como Ana Clara teria sido atingida pelo disparo.
O laudo da perícia concluiu que o tiro foi dado pelas costas, atravessou o corpo e saiu pelo abdômen. Com isso, a polícia abandonou a tese de homicídio e começou a investigar a hipótese de latrocínio.
De acordo com as investigações, o principal suspeito de cometer o crime é Gedson Pires Braga, o Cavernoso. Ele foi assassinado por outros bandidos em um tiroteio na Zona do Cemitério, um mês após a morte da menina, no dia 15 de agosto de 2015.
Durante as investigações, Cavernoso chegou a ser ouvido pelo delegado Rodrigo Kleguer Duarte. Na ocasião, ele não foi preso por falta de provas.
A reportagem do Portal Leouve conversou com o pai de Ana Clara, Sérgio Adami. Ele foi enfático em relação a demora na conclusão do caso. “Me garantiram que o inquérito seria encaminhado à justiça antes do crime completar o primeiro ano, mas até agora nada”, reclama.
Ainda durante a entrevista, Sérgio falou sobre como está sendo a superação da morte da filha de apenas 11 anos. “Bastante saudade. A Saudade não vai acabar nunca. A gente tá procurando ajuda de amigos e psicólogos para conseguir superar. No fundo do coração, a gente perdoa essa pessoa que fez isso, porque o que dava pra ver que era uma pessoa que precisava de ajuda”, lamenta.
Sem demonstrar ressentimentos em relação ao assassino, Sérgio critica a ação da polícia e culpa o judiciário pelo que aconteceu. “O que não dá pra perdoar é o nosso judiciário, a maneira como eles agem com as pessoas aqui. Pessoas como esse homem que matou a minha filha deveriam ser mantidos presos ou serem ajudados, e não serem soltos por qualquer escrita de advogado que por alguma coisinha já estão largando na rua. A culpa disso que acontece ainda são das nossas leis”, defende.
Sérgio também reclamou sobre as investigações. Para ele, a polícia deveria ter dado uma atenção maior ao caso. “O que me incomoda é a demora para ter tomado uma atitude, principalmente no dia que houve o crime. A gente na verdade nunca foi procurado pela polícia ou por ninguém. Sempre que eu quis saber alguma coisa, ninguém veio aqui atrás pra nos trazer informações ou buscar mais algum detalhe”, revela. “Às vezes dá impressão que eles (polícia) estavam esperando. Se chegasse alguma coisa, chegava. Se não aparecesse nada eles não iam procurar, então isso deixa a gente bastante chateado”, conta.
“É nessas horas que vemos que cada vez mais a gente está na mão de Deus. Segurança está do jeito que está. A gente não tem justiça. O que sabemos sobre o rapaz é o que foi divulgado pela imprensa sobre o autor da morte dela. Eu sei que ele era um cara que tinha uma ficha extensa desde menor idade, e nunca foi tomado atitudes pra manda ele preso. Sei que ele se mostrava um cara bem perigoso estava na rua a toda hora”.
O pai da menina, um ano após a morte, relembra os últimos momento que teve com a filha. “A última lembrança que eu tenho dela é da noite anterior. Quando cheguei em casa, ela estava mexendo em algumas coisas do guarda-roupa. Uma caixa onde estavam todos os DVD que ela tinha. Ela estava sentada no sofá olhando as fotos que tinha com as coleguinha da escola. Foram momentos assim que, de repente, na hora gente não percebeu, mas hoje acho que aquilo era uma forma de dizer que ela estava se despedindo”, lembra.
Em relação ao inquérito do caso envolvendo a morte de Ana Clara, a reportagem do Portal Leouve procurou o titular da Delegacia de Proteção da Criança de Adolecente, delegado Joigler Paduano, responsável pelo caso, mas o delegado está de férias.
O substituto, delegado Mário Mombach, apenas se limitou a dizer que o caso ainda não está fechado e que ainda falta realizar algumas diligências para encerrar o caso e para depois encaminhar a justiça.
Assim como aconteceu no ano passado, quando completou um mês da morte de Ana Clara, neste sábado haverá uma nova “Caminhada pela Segurança e Paz”, em frente a Secretaria de Trânsito, na rua Moreira César. A saída ocorre às 16h30min, até a Igreja do Pio X, onde vai acontecer a missa de um ano da morte de Ana Clara.