Cidades

Votação popular destina R$ 335 mil a fábrica de sabão ecológico no Instituto Penal de Santo Ângelo

Moradores da região das Missões decidiram enviar recursos para aquisição de novo maquinário da fábrica do Sabão Ecológico Curumim

Sabão ecológico
Foto: Jurgen Mayrhofer / Polícia Penal / SSPS

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) anunciou a compra de um novo maquinário para a fábrica do Sabão Ecológico Curumim, localizada no Instituto Penal de Santo Ângelo, na região das Missões. O objetivo é aumentar a produção dos itens. A aquisição é avaliada em R$ 335 mil, destinados por meio de votação popular.

Dois equipamentos serão adquiridos, sendo um batedor elétrico e uma máquina responsável por dar forma ao sabão. A chegada dos aparelhos deve ocorrer ainda no primeiro semestre do ano. Através do investimento, a fábrica terá capacidade para suprir demandas de toda população prisional no estado.

Os recursos são provenientes da ‘Consulta Popular RS’, mecanismo por meio do qual a população define diretamente parte dos gastos que vão constar no orçamento do Executivo Estadual. A fábrica de sabão alcançou a terceira posição na votação popular.

“Fizemos uma movimentação na região das Missões, para divulgar o projeto e buscar alcançar uma boa votação. Isso foi feito com o intuito de conscientização sobre a sustentabilidade ambiental e o trabalho feito nas penitenciárias. É um projeto visto com bons olhos pela comunidade”, destacou a policial penal e idealizadora do projeto, Débora Pedroso.

De acordo com a Polícia Penal, cerca de quatro a cinco mil barras são fabricadas mensalmente pelos apenados e distribuídas em 11 estabelecimentos prisionais no Noroeste gaúcho. Os itens são utilizados na higiene dos presos e para a limpeza dos espaços físicos das unidades.

Com a estrutura atual, cada batida da máquina é capaz de produzir 450 barras. A partir da aquisição da tecnologia, a expectativa é que seja possível fabricar mil unidades em cada batida.

Sustentabilidade e ressocialização

Criado em 2011, o projeto Sabão Ecológico Curumim decorre da demanda dos apenados de manter o espaço de convívio limpo, principalmente quando recebiam visita. Por isso a unidade em Santo Ângelo passou a investir na fabricação de sabão à base de óleo de cozinha.

São cinco apenados do regime semiaberto que fazem o serviço, sendo que um deles recebe remuneração por meio de um termo com a prefeitura de Santo Ângelo. Os presos são selecionados de acordo com a conduta e, após o ingresso na atividade, participam de instruções sobre os processos produtivos.

“A gente ganha a remição da pena, podemos sair da cela e passar o dia trabalhando. Também há coleta de óleo, que é mais uma oportunidade de convívio com a sociedade e de conhecer pessoas”, disse um apenado.

O detento explica que várias etapas são necessárias para uma barra de sabão ecológico ficar pronta. Primeiro, o óleo vegetal é filtrado e decantado. Depois, os insumos são pesados, a gordura animal é aquecida com o óleo e a soda cáustica diluída em água é acrescentada. A partir de então, são adicionados a dolomita, o corante e a essência.

A mistura, ainda em estado líquido, é colocada em formas para descanso e solidificação. Quando o material está sólido, é utilizada a máquina que dá ao sabão o formato desejado. Com a finalização desse processo, as barras são embaladas e estão prontas para uso.