A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) anunciou a compra de um novo maquinário para a fábrica do Sabão Ecológico Curumim, localizada no Instituto Penal de Santo Ângelo, na região das Missões. O objetivo é aumentar a produção dos itens. A aquisição é avaliada em R$ 335 mil, destinados por meio de votação popular.
Dois equipamentos serão adquiridos, sendo um batedor elétrico e uma máquina responsável por dar forma ao sabão. A chegada dos aparelhos deve ocorrer ainda no primeiro semestre do ano. Através do investimento, a fábrica terá capacidade para suprir demandas de toda população prisional no estado.
Os recursos são provenientes da ‘Consulta Popular RS’, mecanismo por meio do qual a população define diretamente parte dos gastos que vão constar no orçamento do Executivo Estadual. A fábrica de sabão alcançou a terceira posição na votação popular.
“Fizemos uma movimentação na região das Missões, para divulgar o projeto e buscar alcançar uma boa votação. Isso foi feito com o intuito de conscientização sobre a sustentabilidade ambiental e o trabalho feito nas penitenciárias. É um projeto visto com bons olhos pela comunidade”, destacou a policial penal e idealizadora do projeto, Débora Pedroso.
De acordo com a Polícia Penal, cerca de quatro a cinco mil barras são fabricadas mensalmente pelos apenados e distribuídas em 11 estabelecimentos prisionais no Noroeste gaúcho. Os itens são utilizados na higiene dos presos e para a limpeza dos espaços físicos das unidades.
Com a estrutura atual, cada batida da máquina é capaz de produzir 450 barras. A partir da aquisição da tecnologia, a expectativa é que seja possível fabricar mil unidades em cada batida.
Sustentabilidade e ressocialização
Criado em 2011, o projeto Sabão Ecológico Curumim decorre da demanda dos apenados de manter o espaço de convívio limpo, principalmente quando recebiam visita. Por isso a unidade em Santo Ângelo passou a investir na fabricação de sabão à base de óleo de cozinha.
São cinco apenados do regime semiaberto que fazem o serviço, sendo que um deles recebe remuneração por meio de um termo com a prefeitura de Santo Ângelo. Os presos são selecionados de acordo com a conduta e, após o ingresso na atividade, participam de instruções sobre os processos produtivos.
“A gente ganha a remição da pena, podemos sair da cela e passar o dia trabalhando. Também há coleta de óleo, que é mais uma oportunidade de convívio com a sociedade e de conhecer pessoas”, disse um apenado.
O detento explica que várias etapas são necessárias para uma barra de sabão ecológico ficar pronta. Primeiro, o óleo vegetal é filtrado e decantado. Depois, os insumos são pesados, a gordura animal é aquecida com o óleo e a soda cáustica diluída em água é acrescentada. A partir de então, são adicionados a dolomita, o corante e a essência.
A mistura, ainda em estado líquido, é colocada em formas para descanso e solidificação. Quando o material está sólido, é utilizada a máquina que dá ao sabão o formato desejado. Com a finalização desse processo, as barras são embaladas e estão prontas para uso.