Opinião

Viva com Saúde – 16/01/2024 – Consumo de álcool não previne doenças cardíacas, diz estudo

No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre o consumo de bebidas alcoólicas e sua relação com as doenças cardíacas.

Viva com Saúde – 16/01/2024 – Consumo de álcool não previne doenças cardíacas, diz estudo

Por muito tempo, prevaleceu a crença de que tomar uma ou duas doses de vinho diariamente faz bem ao coração. Mas, agora, um artigo com dados de 5 milhões de pessoas afirma que o hábito não protege contra enfermidades cardiovasculares nem ajuda a viver mais. Publicada na Revista da Associação Médica Norte-Americana, a pesquisa examinou 107 estudos epidemiológicos de grande porte que avaliaram a associação entre o consumo frequente de álcool e a mortalidade em geral. Para a decepção de quem acredita no potencial benéfico da bebida, a principal conclusão foi outra: “Menos álcool é melhor”.

A análise não se concentrou apenas no vinho, mas em qualquer tipo de bebida consumida diariamente em níveis moderados — menos de 25g. Para comparação, uma dose de destilado tem 25g e uma taça de vinho de 90ml tem 10g, mesma quantidade de uma lata de cerveja. Segundo os autores, pesquisas antigas que atestavam benefícios do álcool não faziam ajustes de idade, sexo e estilo de vida, como prática de exercícios, tabagismo e dieta, o que pode distorcer os resultados. Agora, todos esses fatores foram calculados, garantindo, de acordo com os especialistas, um quadro mais acurado.

Na França, o vinho é muito popular. Além disso, os franceses apresentam, no geral, baixas taxas de doenças cardiovasculares. Porém, essa característica não é explicada pela bebida e, sim, porque, em comparação a países com mortalidade mais alta, na França há menos taxas de obesidade e diabetes tipo 2, menos sedentarismo e hábitos alimentares mais saudáveis.

De fato, a casca das uvas usadas para a fabricação de vinho tinto tem um composto natural antioxidante chamado resveratrol que teria potencial de proteger contra doenças cardiovasculares.

Porém, boa parte das evidências foram obtidas em estudos laboratoriais, e não em humanos. Além disso, a quantidade necessária da substância para promover algum benefício teria de ser imensa.

Essas conclusões têm levado sociedades médicas a destacar, cada vez mais, o potencial maléfico do álcool. No ano passado, a Federação Mundial do Coração publicou um relatório, o Impacto do consumo de álcool na saúde cardiovascular: mitos e medidas, que conclui: “Ao contrário da opinião popular, o álcool não é bom para o coração”.

O cardiologista, Doutor Carlos Alberto Pastore, explica que a crença de que a ingestão moderada diária de vinho tinto faz bem ao coração baseia-se no chamado paradoxo francês:

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