Comportamento

Veja quais cuidados de saúde são essenciais em meio às enchentes no Rio Grande do Sul

Uma das principais doenças atreladas aos alagamentos é a leptospirose

(Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini)
(Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini)

A saúde pública é uma preocupação constante em momentos de tragédias climáticas, como a que assola diversos municípios do Rio Grande do Sul atualmente. Aqueles que tiveram suas residências ou locais de trabalho atingidos, bem como os voluntários que estão atuando nos resgates, em breve também estarão na linha de frente da reconstrução e restabelecimento das cidades.

Dra. Giorgia Torresini

Uma das principais ameaças à saúde em situações como essa é a leptospirose. Segundo a médica Infectologista do Círculo Saúde, Dra. Giorgia Torresini, a doença é transmitida pela urina de ratos presente em esgotos e bueiros, que se mistura à enxurrada e à lama decorrente das inundações. Qualquer pessoa que tiver contato prolongado com a água das chuvas ou lama contaminada poderá se infectar pela pele ou mucosas, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento.

Os sintomas da leptospirose podem aparecer de dois a 30 dias após a exposição e incluem febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, podendo também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte. O tratamento é baseado no uso de antibióticos e outras medidas de suporte, sempre orientado por um médico.

Medidas de proteção para os voluntários

Voluntários que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha para proteção. Se isto não for possível, a indicação é usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés. Caso haja ferimentos, os curativos devem ser impermeáveis, evitando o contato com a água contaminada.

A Dra. Giorgia também afirma que outras doenças que podem surgir decorrentes das enchentes incluem doenças diarreicas, Hepatite A, febre tifoide, tétano acidental e acidentes por animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras. Para evitá-las, é aconselhável não consumir alimentos que tenham tido contato com a água da inundação ou lama.

É essencial higienizar tanto os alimentos in natura quanto os enlatados com uma mistura de água e hipoclorito de sódio a 2,5% (água sanitária), na proporção de um copo de água sanitária para cada 20 litros de água. Além disso, a água deve ser filtrada ou fervida antes de ser consumida.

Outra medida importante é manter a vacinação em dia, especialmente a vacina antitetânica, disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Sistema Único de Saúde (SUS), e a vacina contra Hepatite A, disponível pelo SUS e em clínicas particulares.

Nesse momento crítico, é fundamental que o bom senso prevaleça na procura por atendimento médico nas emergências, a fim de evitar uma sobrecarga do sistema de saúde. A recomendação é utilizar os serviços de emergência apenas para sintomas persistentes por mais de 48 horas ou que requerem atenção imediata.

Exemplos incluem dores fortes, dificuldades de respirar, dor no peito, crises de asma, perda súbita de visão ou audição, inconsciência ou confusão mental, forte dor abdominal com vômito persistente, sangue ao vomitar, tossir ou urinar, perda súbita da função e/ou dormência nos braços ou pernas, falta de memória com cefaleia intensa, ou reações alérgicas graves.

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