DISPUTA

Uruguai reivindica área em território gaúcho após construção de usina eólica

Usina eólica reacende disputa territorial entre Brasil e Uruguai no Rio Grande do Sul. A área contestada possui pouco mais de 200 km² e está situada exatamente na zona de fronteira entre os municípios de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai)

Uruguai reivindica área em território gaúcho após construção de usina eólica

Rio Grande do Sul - A construção do Parque Eólico Coxilha Negra, da Eletrobras, reacendeu uma antiga disputa de fronteira entre Brasil e Uruguai. O empreendimento, localizado no município de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, entrou em operação em julho de 2024 e, desde então, tornou-se motivo de questionamento por parte do governo uruguaio quanto à soberania da área conhecida como Rincão de Artigas.

Em uma nota diplomática enviada no dia 11 de junho de 2025, o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai afirmou que a construção do parque eólico “não implica o reconhecimento da soberania brasileira sobre o território”. A área contestada possui pouco mais de 200 km² e está situada exatamente na zona de fronteira entre os municípios de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai), regiões historicamente integradas por laços culturais, econômicos e familiares.

Na mensagem, o governo uruguaio expressa seus “desejos e esperanças” de que a questão possa ser retomada futuramente “nos foros apropriados”, sempre no espírito de irmandade, equidade e justiça que, segundo o documento, guiou as definições de fronteira entre os dois países ao longo da história.

Investimento e Operação do Parque Eólico

O Parque Eólico Coxilha Negra representa um dos maiores investimentos da Eletrobras nos últimos anos, com valor estimado em R$ 2,4 bilhões. As obras tiveram início em 2022 e incluíram a construção de cerca de 100 km de novos acessos, além da revitalização de 56 km de estradas na região.

Apesar da manifestação uruguaia, até o momento o governo brasileiro não se pronunciou publicamente sobre o conteúdo da nota diplomática. Internamente, fontes ligadas ao Itamaraty indicam que o Brasil considera a área como parte integrante de seu território, sem pendências territoriais em aberto com o país vizinho.

Disputa Histórica e Atual Implicação Geopolítica

A disputa pelo Rincão de Artigas remonta ao século XIX, e apesar de não ter gerado confrontos diretos, foi registrada ao longo dos anos como uma das zonas de indefinição fronteiriça mais conhecidas entre os dois países. No entanto, tratativas diplomáticas anteriores vinham mantendo o tema adormecido até a recente instalação da usina eólica.

O caso deve agora mobilizar as chancelarias dos dois países e reacender debates sobre limites internacionais, infraestrutura em áreas sensíveis e o papel das energias renováveis em contextos geopolíticos.