'Tempo de leitura' convida crianças e jovens de Caxias do Sul a imaginar

Tempo de Leitura é mais uma expressão da simbiose que existe entre Elaine Pasquali Cavion e a literatura. Desde a infância, a autora vem vivendo acontecimentos que dão forma a essa relação tão profunda entre a vida dela e os livros. No próximo sábado (23), com financiamento da Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul e apoio de Editora Aletria e da Fundação de Assistência Social (FAS), começa mais uma jornada. Baseada no livro “Tempo de Navio”, publicado em 2020, o projeto Tempo de Leitura deixa o porto e começa a navegar por instituições da cidade.

A obra conta a história de um menino que recebe um convite surpreendente: subir as escadas de um navio que navega no céu. Ao chegar lá em cima, ele passa a enxergar o próprio mundo sob uma perspectiva inusitada. “Esse é um livro sobre como o tempo passa de modo diferente quando imaginamos”, define a autora, que agora estenderá o convite à imaginação para crianças e jovens de seis serviços de acolhimento de Caxias do Sul. Com o objetivo de atender a todos, o projeto será realizado nos dois turnos de atendimento de cada um deles, totalizando 24 atividades (veja detalhamento abaixo) e atingindo 500 pessoas.

Definindo-se como uma escritora de histórias para a infância, Elaine tem oito livros publicados e a preocupação de levá-los a quem pouco acessa a literatura. O Tempo de Leitura é a oportunidade de crianças e jovens terem contato com uma obra que é referência e tem ilustrações de Odilon Moraes, vencedor de um prêmio Jabuti. “Acredito na leitura de literatura, segundo o que diz Antonio Candido, ou seja, como um direito humano. Ao acessarmos a palavra escrita, ampliamos nosso repertório de linguagem e passamos a nomear o que antes carecia de conceitos”, ressalta.

Para que essa mensagem chegue nas crianças e nos jovens da melhor forma, o projeto prevê, também, ações com educadores sociais. E o ponto de partida, sábado, no Centro de Cultura de Ordovás, é uma oficina de contação de histórias para quem trabalha com um público que tenha alguma deficiência. “Teremos, também, audiodescrição do livro nas redes sociais, porque um dos nossos objetivos é capacitar as pessoas a trabalharem com todos os públicos”, complementa Elaine.

A partir desse momento, o navio parte para os centros de acolhimento, que foram selecionados juntamente com a FAS. As inscrições esgotaram-se rapidamente, o que demonstra o interesse dos educadores sociais em receberem o projeto e, é claro, renova a esperança de levar a leitura a um público cada vez maior. “Quando as pessoas não têm a dimensão da leitura, não sentem necessidade. Mas quando os livros passam a fazer parte da vida delas, essa necessidade é descoberta. Não se trata de uma necessidade de consumir, mas, sim, de ser alguém dentro da palavra escrita”, explica a autora.

Ela fala não somente da posição de escritora e de quem teve uma carreira no trabalho de promoção da leitura, mas, também, de leitora. Elaine é uma frequentadora de bibliotecas desde criança, desde as da escola, até as públicas. Sempre leu e continua lendo: “Eu me formei em Letras, fiz mestrado em Estudos Literários Aplicados na UFRGS, trabalhei uma vida como professora e com projetos de incentivo à leitura. Sempre acompanhada pelos livros, porque a minha vida não existe sem eles”, acrescenta.