
Uma questão de prioridade. Assim, o secretário de Governo de Bento Gonçalves, Enio De Paris, avalia o episódio que resultou, em junho, na perda dos recursos de R$ 4,5 milhões do governo federal destinados à construção de um Centro de Treinamento de Alto Rendimento no município, um projeto aprovado pela prefeitura em 2011 mas que nunca saiu do papel. De acordo com o secretário, o município abriu mão dos recursos e da construção do complexo poliesportivo.
“Fica um pouquinho crítico demais dizer assim: perdemos. Não, mas, determinadas situações a gente precisa avaliar o que é prioritário. Quanto dinheiro o município tem disponível? Temos que priorizar uma medicação, temos que priorizar um bloco cirúrgico…”, afirmou.
De Paris garantiu que a crise econômica fez o município deliberadamente desistir do projeto por conta da necessidade de um investimento de cerca de R$ 2 milhões em recursos próprios.
“É óbvio, se você não tem o recurso suficiente. Mas não por não ter gestão. Temos um ginásio municipal que precisa ser reformado, nós temos o antigo campo do Esportivo, que é do município, que precisa de manutenção. Então, veja bem, nós teríamos um investimento do município significativo. Quero deixar bem claro que precisamos avaliar financeiramente o que é mais importante para o município”, acredita o secretário.
Os recursos foram perdidos porque, até o final da vigência do contrato, que foi prorrogado diversas vezes e foi encerrado no dia 30 de junho, o município não demonstrou interesse em realizar a construção, e porque, segundo a Caixa Econômica Federal, o Ministério do Esporte determinou a devolução.
O projeto, que havia sido chamado de Bento Vital durante sua apresentação, em junho de 2011, previa a construção de um centro de treinamento, um ginásio com capacidade para 2,5 mil pessoas e uma quadra poliesportiva, e iria contar com uma academia de musculação, sala de ginástica, refeitório, vestiários, alojamento para 50 atletas, salas para outras atividades, sala de aula, fisioterapia e fisiologia, com o objetivo de oferecer uma estrutura propícia para melhorar e aprimorar a qualidade dos atletas. A ideia original era que o centro pudesse servir de formador de atletas na cidade, principalmente focado no voleibol, aprimorando os ensinamentos técnicos, táticos e psicológicos de atletas e técnicos.
De acordo com De Paris, a crise interrompeu a ideia antes de sua concretização. “Nós estamos sentindo que tudo que está acontecendo em Brasília está refletindo aqui. É o ônus da crise”, sentenciou o secretário.
Ouça a entrevista do secretário: