Apesar de boa parte da população já considerar, a sessão de segunda-feira (4) deverá oficializar São Pedro como padroeiro de Flores da Cunha. Na ocasião, os vereadores florenses votam o Projeto de Lei de autoria do vereador Vitório Dalcero (MDB).
“Com este projeto de lei, agente vai criar, em Flores da Cunha, o dia do Padroeiro São Pedro, comemorado no dia 29 de junho de cada ano. Ou no domingo seguinte, de acordo com o calendário litúrgico em vigor no Brasil”, disse Dalcero. O vereador explicou que a iniciativa é da Pastoral da Comunicação da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes.
A cidade venera São Pedro como padroeiro desde a chegada dos primeiros imigrantes italianos que se estabeleceram na estão colônia de Nova Trento, a partir de 1875. No entanto, mesmo depois da emancipação em 1924.
Em Flores da Cunha, existe uma grande imagem de São Pedro, que fica na frente da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes. A imagem tem 6 metros de altura, construída em gesso e pó de mármore, pesa 3 mil quilos, inaugurada em 1977.
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Paróquia
Os primeiros imigrantes tiroleses estabeleceram-se em Flores da Cunha (na época Nova Trento) no ano de 1879. Em 1882, Pe. Luiz Centin assumiu como capelão da localidade. Em 1884, Pe. Alessandro Magon estabeleceu residência no local. Optou ele por residir e construir a capela no alto de um morro e com isso deu início a uma longa contenda com as famílias que residiam no vale (hoje centro da cidade). Em 1889, os padres Francesco Schuster e Antônio Caubone Diderot substituíram o Pe. Alessandro. O curato só ganhou estabilidade com a presença, a partir de 1890, do Pe. Antonio Finotti e com a fixação da capela no vale.
Em maio de 1897, Frei Bruno de Gilonnay e Frei León de Montsapey, capuchinhos, pregaram missões no local. O pároco, “Com a fé e a energia de um tirolês empenhou-se em fundar em seu curato um convento de Capuchinhos. […] No dia 8 de dezembro de 1897, sob os auspícios da Virgem Imaculada, foi benta a primeira pedra da modesta capela do futuro convento.”, conforme relatos do próprio Frei Bruno em suas cartas a seu Provincial, na França.
Convento
A igreja oficializou o convento em março de 1899, instalando o noviciado da então Missão dos Capuchinhos Franceses no Rio Grande do Sul. Os primeiros candidatos oriundos da escola seráfica de Garibaldi ingressaram no noviciado de Flores da Cunha em 4 de outubro de 1901. Juntamente com a formação do noviciado, os frades mestres auxiliavam o Pe. Finotti na sede do curato e pregavam missões nas capelas do interior e paróquias vizinhas. Os capuchinhos continuaram como auxiliares, até que, em 1903, a pedido do bispo, receberam a provisão para governar o curato. No ano de 1904, durante a visita pastoral de Dom Cláudio Ponce de Leão (até então único bispo do Estado que era uma só Diocese), o titular do curato foi mudado de São Pedro para Nossa Senhora de Lourdes.
Frei Theophile de Villards-sur-Thôness foi o primeiro capuchinho a administrar o curato. Permaneceu na direção de 1903 a 1906, período em que foi iniciada a construção da Igreja Matriz. Sucederam-no os Freis Raymond de Vovray (1906-1912), Dominique d’Entremont (1912-1914) e Gerald de Gruffy (1914-1920). Em 1913, a paróquia contava com uma população de 4.500 habitantes. Durante a administração de Frei Gerald, no ano de 1916, o curato foi elevado a Paróquia mantendo Nossa Senhora de Lourdes como titular.
Referência: ZUGNO, Vanildo Luiz. Capuchinhos franceses no Rio Grande do Sul: presença e missão na Região Colonial Italiana e Campos de Cima da Serra. Pg. 401-402. Porto Alegre: ESTEF, 2017.