O Rio Grande do Sul voltou para a rota de temporais. Depois de um dia bastante abafado em grande parte do território gaúcho, o início da noite trouxe o avanço de uma linha de instabilidade que passou pelo Uruguai em direção à Campanha, Oeste e Sul do Estado com chuva, intensas descargas elétricas, queda de granizo e vendavais localizados. As rajadas de vento alcançaram 79 km/h em Bagé, 78 km/h em Dom Pedrito, 72 km/h em Uruguaiana e 70 km /h em Quaraí e Livramento.
A força dos ventos chegou a derrubar um letreiro de grande porte de um supermercado em Uruguaiana sem, contudo, deixar feridos. Em Pedro Osório, foram cerca de 64 mm de chuva até às 21h desta segunda-feira e 60 mm em Jaguarão, 53 mm em Rio Grande e 45 mm em Arroio Grande.
Em Barra do Quaraí, na divisa com a cidade uruguaia de Bella Unión, a chuva torrencial durou cerca de 15 minutos com a incidência de granizo em pequena quantidade e dimensão. Segundo o prefeito da cidade, Maher Jaber, não houve registro de ocorrências de danos na área urbana e a preocupação voltava-se para o rio Quaraí que banha a cidade e, de acordo com a última medição realizada na noite desta segunda em média 7,10 m com tendência de alta. “O medo é que as águas do Uruguai representam o nosso manancial. Pela manhã estaremos preparando, preventivamente, o Ginásio Esportivo da Escola Nilza Corrêa Pereira, para eventuais desabrigados”, explicou o prefeito.
Em Jaguarão foram registrados dois momentos de chuva intensa ao longo da segunda-feira que causaram alagamentos pontuais. O primeiro foi por volta das 16h e o segundo às 18h. Devido à previsão de novos temporais para os próximos dias, a prefeitura suspendeu as aulas na rede municipal e as atividades no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) nesta terça e quarta-feira. Os serviços de saúde que requerem deslocamentos somente serão realizados em casos de urgência e emergência. Equipes da prefeitura, Defesa Civil e do Exército estão de prontidão para atender a população ribeirinha. Pela medição realizada na manhã desta segunda-feira o rio Jaguarão estava 1,7 m acima do leito. Em função do vento algumas casas foram destelhadas no bairro Bela Vista.
A cidade de Rio Grande também registrou alagamentos. Choveu forte na região no início da noite e alguns locais, como o Parque Marinha e a praia do Cassino, apresentaram acúmulo de água nas ruas. Lonas foram distribuídas nos bairros Nossa Senhora de Fátima e Navegantes. Segundo o coordenador da defesa civil, Sérgio Weber, 40 pessoas seguem no Salão Paroquial da Vila da Quinta. Segundo ele, a doação de material de limpeza, higiene e roupas infantis ainda são necessárias e podem ser entregues na prefeitura ou na Defesa Civil da cidade (rua Barroso, 166). Nesta noite, o Porto do Rio Grande seguia em condição praticável e as ilhas do município eram monitoradas. Em Pelotas, onde também as aulas da rede municipal foram suspensas, a chuva mais forte da mesma forma foi registrada nestaa noite com muitas descargas elétricas. A Assistência Social do município permaneceu de plantão. temporais
Mesmo antes das chuvas, os rios na Fronteira-Oeste permaneciam com níveis elevados. Os ribeirinhos estão temerosos com o anúncio de novas chuvas durante a semana. Em Alegrete, o Ibirapuitã media 10,56 metros, estando além da cota de inundação que é de 9,70 m. No pico atingiu 11,14 m. Seguem desabrigadas 23 famílias e 56 desalojadas, somando 225 pessoas, incluindo crianças.
Em São Borja, o Uruguai atingiu 10,58 m. A área do Cais do Porto está alagada. Até agora, 20 famílias (59 pessoas) foram removidas. Em Itaqui, o rio Uruguai media 8,97 m (crescendo em média de 1 cm/hora) e soma um pouco mais de meio metro além da cota de inundação, que é de 8,30 m. Já em Uruguaiana, o rio passou a medir 8,81 m acima do nível normal, com 11 famílias afetadas.
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Texto: Correio do Povo