Justiça

Projeto do MPRS trabalha com homens envolvidos em violência doméstica, em Vacaria

Ministério Público desenvolve, desde o ano passado, um trabalho com grupos reflexivos de gênero

Foto: MPRS
Foto: MPRS

Um projeto do MPRS trabalha com homens envolvidos em violência doméstica, em Vacaria. O Ministério Público desenvolve, desde o ano passado, um trabalho com grupos reflexivos de gênero voltados para homens envolvidos em situação de violência doméstica. Trata-se de uma atuação conjunta entre MPRS, Defensoria Pública e Poder Judiciário.

A iniciativa é uma continuidade do Projeto Acolher, criado em 2015 pela Promotoria de Justiça de Vacaria, que se estruturou na orientação e acompanhamento de mulheres vítimas de violência doméstica. “Agora, implementamos a política pública de proteção focada nos homens em situação de violência doméstica, como forma de responsabilização e reeducação do autor da agressão pela via do processo reflexivo, ferramenta para auxiliar o rompimento do ciclo violento”, explica a promotora de Justiça Bianca Acioly de Araújo, idealizadora dos grupos reflexivos.

“A intervenção psicossocial é necessária e complementar à intervenção jurídica, como profilaxia da reiteração de atos de violência doméstica e familiar contra a mulher”, destaca. “Partindo da convicção que a violência doméstica é culturalmente naturalizada, proporcionar aos homens autores de violência contra a mulher um espaço de ressignificação desses valores estruturantes é apostar na mudança de comportamento e conscientização”, salienta Bianca.

Foto: MPRS

O projeto do MPRS trabalha com alguns objetivos

O projeto do MPRS trabalha voltado para homens autores de violência doméstica e familiar. E entre os objetivos está a responsabilização pelas violências praticadas. Também, a reflexão e educação sobre estereótipos de gênero e desigualdades entre homens e mulheres. A conscientização sobre a Lei Maria da Penha e direitos humanos, transformação de valores e práticas machistas e resolução de conflitos por formas não violentas. Todo o trabalho baseando-se em processo reflexivo ancorado nos vetores da Justiça Restaurativa.

A intenção é que, a médio e longo prazo, a iniciativa resulte na diminuição da reincidência desses homens em comportamentos violentos envolvendo mulheres. E, consequentemente, a diminuição de processos deste tipo nas varas criminais, tendo em vista que o processo reflexivo, educativo e de responsabilização tem potencial para contribuir efetivamente na maneira do sujeito agir e compreender as relações que estabelece.

Para a promotora, a iniciativa de trazer para dentro da casa do MP toda a gerência do processo restaurativo tem trazido excelentes resultados. “No caso concreto, em um primeiro momento, percebemos o comportamento do homem autor de violência de resistência, descontentamento por não entender o que está acontecendo. Por não se ver na posição de agressor, por se sentir injustiçado de ter que estar ali. Ao longo do processo, acontece a descoberta, por meio da reflexão, a mudança do comportamento e a busca de um outro caminho para solucionar o conflito que não a violência”, pontua.

Fonte: MPRS