Grãos, hortaliças e frutas estão entre as principais culturas que foram afetadas pelas precipitações de chuva em grande volume em Caxias do Sul. Com a influência do El Niño, as precipitações estão mais recorrentes e fortes no Rio Grande do Sul. O excesso de chuva já soma prejuízos ocasionados pelas alterações climáticas na safra 2023. Levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA) revela que as perdas ultrapassam os R$30 milhões na cidade. Somente com as precipitações registradas em novembro, foram registrados prejuízos de mais de R$20 milhões.
O titular da Smapa, Rudimar Menegotto estima que o prejuízo seja ainda maior no futuro com a umidade e a falta de luz solar. Ele avalia grande perda com as folhosas e com a olericultura no geral. Também projeta aumento de preços para os consumidores com a diminuição da oferta de produtos nos mercados. Contudo, garante que o mais atingido é o produtor rural, pois além de perder parte da produção, tem custos elevados no uso de tratamento fitossanitários para tentar proteger e salvar parte dos alimentos. “Sempre que tem excesso de umidade e falta de luz solar, acaba trazendo custo maior para o agricultor. Mais tratamentos na lavoura para justamente proteger a produção, e automaticamente vai produzir menos”, explica ele.
A expectativa para os próximos meses não é nada positiva. A previsão de mais chuvas e o atraso em alguns plantios, como o milho e da soja, preocupam todo o setor da agricultura. Preocupação essa compartilhada pelo coordenador da área de frutas e hortaliças da Emater-RS, Ênio Todeschini. Ele explica que para entender a situação atual é preciso retroceder até o inverno. Lembra que além da falta de frio, as temperaturas médias ficaram acima do esperado no período. Recorda que a previsão já indicava uma primavera bastante chuvosa, o que se confirmou nos últimos meses, com precipitações bem maiores que a média histórica da região serrana do Estado.
O coordenador também lembra que o excesso de umidade traz impactos diretos no solo, assim como a falta de luz solar direta nas plantas. Assim como o secretário municipal da Agricultura, Todeschini lembra a necessidade de usar produtos fitossanitários para recuperar e proteger a produção.
“Além do mais, é preciso tratar com produtos fitossanitários para recuperar em parte as feridas e para garantir a nova produção de folhas. As folhosas foram as mais danificadas, aquelas cultivadas em ambientes abertos e também em ambientes protegidos, pois há noticias de estufas danificas que afetaram a produção”, relata.
De acordo com levantamento da Smapa, confira como algumas das principais culturas foram afetadas pelas precipitações de chuva e queda de granizo em pontos localizados da cidade:
Grãos – Houve grande perda na cultura do trigo, em que as plantas já estavam prontas para a colheita, causando redução significativa na qualidade do grão. Para soja e milho, os agricultores tiveram que adiar a semeadura, o que ocasionará redução da produção. Muitos que já haviam realizado a semeadura verificaram uma baixa emergência e estabelecimento das plantas, sendo necessário o replantio.
Hortaliças – As chuvas intensas resultaram em encharcamento do solo, levando à erosão, perda de nutrientes e proliferação de doenças. Isso impactou diretamente no crescimento e desenvolvimento das culturas. As culturas mais afetadas foram as folhosas. Algumas lavouras de alho também foram prejudicadas, ocasionando superbrotação, reduzindo a qualidade e quantidade da produção. Áreas mais baixas, próximas aos rios e córregos, foram alagadas, levando à perda total das lavouras das áreas atingidas.
Frutas – As chuvas em excesso afetaram a qualidade das frutas, principalmente as que estão em período de colheita, como pêssego, e frutificação, na ameixa. Os cultivos de maçã e uva estão sendo afetados pelo excesso de chuvas ao longo dos últimos meses, comprometendo a floração e o desenvolvimento das frutas. Alguns pomares também foram atingidos por granizo e vento forte, derrubando frutos e quebrando galhos produtivos.
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A safra da uva em Bento Gonçalves, reconhecida como a Capital Brasileira do Vinho, está programada para ocorrer entre meados de dezembro de 2023 até abril de 2024. No entanto, preocupações pairam sobre os produtores de vinho devido à expectativa de uma safra reduzida em comparação com anteriores, bem como acerca da qualidade das uvas. Isso tudo por conta de um prolongado período de chuvas, tempestades e enchentes que têm afetado o Rio Grande do Sul nos últimos meses.